terça-feira, 8 de dezembro de 2009

#4



- ‘Tás a gozar comigo? – perguntou Ana a rir que nem louca a Bill, que também se ria perdido.
- Não, é verdade! Tipo, estávamos muito bem parados numa bomba de gasolina e de repente aparece uma fã qualquer, acho eu, e agarra-se com unhas e dentes a ele! – apontou para Tom que não estava a achar grande piada à conversa, afinal era sobre si.
- E depois, ninguém te veio “salvar”? – perguntou Ana a Tom fazendo aspas com os dedos, na parte do salvar.
- Veio, um segurança. Mas foi um bocado maçador, né? – disse – A miúda quase se pôs ao meu colo sem eu sequer a agarrar e… man já chega! -.- - disse querendo acabar a conversa.
- Não deves ter gostado pouco não! – atirou Carol. Ele olhou-a. – Como se te tivesses importado com isso! – reformulou visto Tom ter feito uma expressão de quem não percebera. Ou não gostara do comentário.
- Normalmente sou eu que escolho não são elas! – disse passando a língua no piercing fazendo um olhar de desafio descaindo o olhar até às letras que via no top de Carol. Por muito que andasse à volta com aquilo sentia-se provocado, sentia-se algo… excitado. “Nem penses Tom, nem penses! A gaja é doida e tu odeia-la!” pensou para si mesmo.
- Será? – perguntou Carol mirando-o. Estava a reparar que Tom olhava várias vezes para o seu decote, provavelmente para aquilo que nele estava escrito, mas não se importou. Carol adorava ver os rapazes mirarem-na e quase despirem-na com o olhar.
- Sempre.
- Oh pois sim está bem!
– respondeu não ligando mais à conversa.

- Vocês os dois matam-me! – disse Bill.
- Porquê? – perguntaram em coro, mas nem ligaram.
- Não param de discutir, mas no momento a seguir parece que se estão sexualmente a provocar! --.
- O quê?
– perguntou Carol – Porque raio estaria eu a provocar este esfregona aqui?!
- Exacto!
– apoiou Tom. – Estou a concordar muitas vezes contigo! --‘ – observou. O resto do pessoal riu, à excepção de Carol que pensara exactamente o mesmo.
- O Bill tem razão! – disse Ana.
- Ora e se tu que não concordasses com ele admirava-me! – atirou Carol. Ana fulminou-a. “Merda.” Pensou Carol. Era verdade que apesar da irmã ainda não lhe ter dito isso directamente, sabia que ela gostava de Bill. Já antes de o conhecer Ana tinha uma espécie de amor platónico pelo rapaz, e depois da aproximação apaixonou-se ou estava, pelo menos, em vias disso.
- E qual é que era o problema se ela não concordasse comigo? – perguntou Bill com um sorriso nos lábios.
- Nenhum, saiu-me só isso! – sorriu Carol tentando cobrir os estragos que fizera na integridade mental de Ana.
- Ok. – disse Bill. Ana suspirou de alívio.

Esqueceram o assunto ao Georg lançar um desafio.
- Alguém quer jogar PS? – perguntou.
- Agora não quero. – disse Carol – Já te ganhei que chegue por hoje! – riu. Georg olhou-a e deitou-lhe a língua de fora. Verdade seja dita que simpatizara com a rapariga.
- Tom? – perguntou.
- Nop.
- Bill? Ana? Gustav? Alguém?
- Eu jogo contigo!
– disse Bill.
- Fixe! – começaram um jogo, enquanto Gustav e Ana estavam na conversa bastante alegres e Carol e Tom estavam centrados única e exclusivamente no seu respectivo interior.

(…)

- Vou dar uma volta! – disseram Carol e Tom na mesma voz levantando-se no mesmo segundo. Carol revirou os olhos. Tom imitou-a.
- Vocês estão tão queridos! – gozou Ana. Gustav riu.
- Merda! Estás demasiado bom nisto tu! – refilou Bill com Georg.
- Paciência meu amigo! – riu.
- Vão juntos é? – perguntou Gustav no gozo.
- Não! – responderam. Saíram do quarto mas viraram em sentidos opostos.

- Por aí não há saída oh avestruz! – disse Tom.
- Quem disse? – perguntou Carol abrindo uma porta. A porta que dava acesso ao telhado daquele Hotel. Tom olhou-a. Como é que ainda não tinha descoberto aquilo? Adorava os telhados dos hotéis e naquele ainda não tinha estado, não tinha observado a sua adorava Alemanha do topo daquele Hotel. “Que se lixe!” pensou e virou costas, não ia com toda a certeza para o mesmo sítio que Carol.

Carol subiu as escadas em metal e abriu uma última porta à sua frente. Aquilo era grande! Respirou fundo ao sentir uma brisa atravessá-la e avançou em direcção ao muro que rodeava o telhado. Inclinou-se e observou Berlim. Era uma cidade simplesmente linda. As luzes, os prédios, o movimento do trânsito era fascinante. Podia observar-se a lua, que naquele dia se encontrava cheia.
Inspirou fundo e virou-se encostando-se ao muro. Olhou em redor e não viu absolutamente nada. Nada à excepção de um ponto negro a luzir. Avançou curiosa em direcção àquela coisa brilhante.
Enquanto se aproximava podia começar a desvendar partes do objecto. Assemelhava-se a uma caixa com curvas. “Que raio?” perguntou-se.
Quando chegou ao objecto descaiu o queixo em espanto. Era uma guitarra acústica negra com uma estrela cadente desenhada. Era linda! Carol curvou-se sobre ela e apanhou-a. Sentou-se no chão e colocou-a no seu colo dedilhando uns acordes e entoando uns versos. Uns dos seus versos.

Tom tinha decidido ir até ao bar do Hotel.
Estava sentado ao balcão a beber um whisky cola enquanto observava toda a sala. Existiam muitas mulheres ali e cada uma mais perfeita que a outra, com cada curva mais acentuada que a outra e com cada vestido mais pequeno que o outro. Podia com toda a certeza ter acção com qualquer uma delas, mas havia uma que o observava atentamente desde que chegara.
Era morena e de olhos castanhos-claros, pernas douradas e torneadas, um decote avantajado e um sorriso tentador. Devia ir falar-lhe? Talvez, mas… havia algo no seu bolso a vibrar.
- Sim Bill que foi? – perguntou ao atender o telefone.
- A Carol está contigo?
- Achas? --.
- Sei lá podia estar! Mas olha então vai à procura dela e diz-lhe que a Ana quer ir embora.
- E porque raio tenho que ser eu a fazer isso?
– refilou.
- Provavelmente sabes onde ela está e além do mais já estás fora do quarto! – disse-lhe. – E ela não tem o telemóvel com ela…
- Ai está bem, está bem!
– bufou e desligou o telefone ao irmão.
Lançou um último olhar à rapariga que imediatamente percebeu que, hoje, o dito Sex-Gott não teria acção consigo.

Tom subiu até ao seu corredor e abriu a porta que dava acesso ao telhado. Assim que abriu a porta ouviu acordes e uma melodiosa voz.

“Call me over, tell me how
You got so far, never making a single sound
I’m not used to it but I can learn
Nothing to it, I’ve never been happier”


“Mas quem é que está a cantar isto?” perguntou-se. Subiu as escadas e ao entrar no telhado seguiu o som. Aquilo estava um tanto ou quanto escuro mas dava para perceber um vulto sentado no chão a entoar uma música bastante interessante. Dirigiu-se até ele e deparou-se com Carol de olhos fechados e cabeça pendida sobre a guitarra.
- Carol?! – chamou-a surpreendido, esperava toda a gente menos ela, mesmo sabendo que a tinha visto entrar por aquela porta há algum tempo atrás. Carol elevou o olhar e deu de caras com Tom.
- Sim? – perguntou calmamente.
- Cantas bem. – elogiou sentando-se ao lado dela.
- Obrigada.
- Não sabia que tocavas… e que cantavas.
– observou. – Tens uma banda ou assim?
- Não, componho para passar o tempo…
- disse.
- Foste tu que compuseste isso que estavas a tocar? – perguntou sorrindo. E ele que pensava que esta rapariga podia não ter nada de interessante, afinal...
- Sim, porquê? Julgas que eu não tenho mais nada para além de um bom corpo é, óh cabeça de esfregona?
- Sinceramente, pensei.
– admitiu olhando em frente o vazio.
- Agora sei porque não simpatizei contigo ao início… só olhas para fora. – respondeu. Carol não pôde evitar que uma lágrima lhe percorresse a face, afinal lembrou-se do porquê de ter desistido do amor e de todo o tipo de sentimentos de pertença.

[Flashback]


- Desculpa?! – perguntou Carol indignada. – Estás a acabar comigo porque tenho sentimentos e não me limito só a dar-te sexo?!
- Literalmente miúda, é quase isso! – riu o rapaz que estava com Carol, que dava pelo nome de Tiago e até ao momento era seu namorado, ou assim ela pensava. – Não me interessam os teus sentimentos, estava contigo pelo teu corpo, mas estou a ver que queres mais que isso de mim, por isso babe, a viagem acaba aqui. – disse batendo com a porta do quarto de uma adolescente de 16 anos, Carol.
- Não vou sofrer. Não vou chorar. – conteve as lágrimas. – Mais ninguém me vai fazer passar por isto. O amor para mim… morreu.

[Fim do flashback]


Tinha prometido não voltar a chorar e ia cumprir. Limpou a lágrima antes que Tom a conseguisse ver decentemente, afinal as luzes daquele espaço tinham acabado de se acender.
- Foi por só ter olhado para o teu exterior que não simpatizas-te comigo? Por favor, isso é no mínimo estranho. – disse Tom olhando a rapariga. – Ainda nem te conhecia, era impossível olhar para o teu interior…
- Algum problema?
– perguntou fitando o vazio.
- Não. – respondeu encolhendo os ombros – Cada um é como é e está feito.
- Ainda bem que sabes isso.
– respondeu voltando a olhar a guitarra. – Sabes de quem é isto? – preferiu mudar de assunto.
- Não é tua? – perguntou.
- Viste-me com alguma guitarra? --.
- Não.
– disse.
- Então é porque esta não é minha, não achas?
- Oh. --‘ Mas não, não sei de quem é isso. Já estava aqui?
- Sim.
– respondeu Carol levantando-se.
- Espera! - pediu Tom agarrando-a pelo pulso. - Toca mais um bocadinho. – pediu com um sorriso envergonhado.
- Queres que toque? Para ti? – perguntou Carol atónica. “Porque raio é que me pede isto?”
- Sim, pode ser? – perguntou.
- Ok. – voltou a sentar-se. – Preferências?
- Não, apenas uma tua.

Carol começou a dedilhar novamente naquela negra guitarra.

“You’d make your way in I’d resist you just like this
You can’t tell me to feel!
The truth never set me free
So I do it myself”


- Gosto da maneira como te entregas à música. – sorriu olhando a rapariga de olhos azuis.
- A música, depois de um capítulo da minha vida, passou a ser um porto de abrigo. Primeiro era um passatempo, depois passou a ser uma inspiração e agora é um mundo. – sorriu, era um facto que conforme cresceu, se desenvolveu mentalmente a música tornou-se demasiado importante para si.
- Estou a ver que gostas mesmo disso! – disse-lhe.
- Sim. – levantou-se e pousou a guitarra onde estava antes. – Vens?
- Sim, sim. O Bill já me tinha telefonado para irmos ter com eles.
- Irmos?
- Assunto grande!
- Hum, ok.


Voltaram ao quarto.
- Oh finalmente! – disse Ana – Já estava aqui a adormecer!
- Eish vejam lá!
– refilou Carol.
- Andaste onde? – perguntou Ana.
- Eu não andei estive sentada! – respondeu.
- Não sejas totó Carol!
- Vê-se mesmo que estás com sono, esse humorzinho diz tudo. Vamos embora é?
- Sim, quero a minha cama!
– pediu – Levas tu o carro!
- Ok. Vamos então.
– despediram-se uns dos outros.
- Quando é que nos voltamos a ver? – perguntou Bill às raparigas.
- Quando quiseres. Toma. – Carol entregou-lhe o seu número de telefone. – Qualquer coisa apita! – sorriu e saiu com a irmã até casa.

(…)

- Carol? – chamou Ana assim que chegaram a casa.
- Diz? – perguntou virando-se para a irmã depois de fechar a porta de casa.
- Nota-se assim tanto?
- O quê?
– perguntou examinando-lhe a cara, para o caso de detectar alguma borbulha ou assim e dizer à irmã se se notava muito ou não.
- Não é nada que tenho na cara. --, - disse-lhe Ana vendo que Carol não descolava de si.
- Então? O que é que se nota? – perguntou dirigindo-se à sala, sentando-se num dos sofás.
- Aquilo que sinto pelo Bill… - disse encostando-se à ombreira da porta.
- Ah! – sorriu – Eu noto. Conheço-te bem…
- Achas que vai dar em alguma coisa? Se eu lhe disser?
– Ana já planeava contar a Bill aquilo que sentia, podia não dar em nada mas sempre decidiu nunca esconder os seus sentimentos, por isso queria arriscar.
- Não sei. Dizes-lhe e logo vês o que ele te diz! – sorriu-lhe – Agora vai dormir! Estás aí toda podre da vida! – gozou.
- Até amanhã.
- Até amanhã, mana.
– Ana foi para o quarto e Carol deitou-se no sofá a ver um filme que passava na televisão, não tinha sono nenhum por isso não valia sequer a pena ir para a cama.

1 comentário:

  1. Li agora tudo (:
    Gostei ;D
    É muito 'fic' xD era tão bom que conseguissemos assim tanta confiança com eles *.* xD

    Bem, mas a Carol e o Tom são óbvios *=* :D
    continua e vai-me avisando : D
    beijinhos *

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