terça-feira, 8 de dezembro de 2009

#3



Bateram

- Devem ser elas! – disse Bill.
- Eu vou recomponham-se! – disse Gustav. Bill inspirou fundo. Georg sentou-se ao pé dele e Tom continuou no seu lugar apagando o cigarro contra o cinzeiro.
- Boa noite! – cumprimentou Ana sorridente.
- Boa noite! – disse Gustav dando dois beijinhos a cada uma.
- Olá pessoal! – cumprimentou Carol. Dirigiu-se a cada um deles dando-lhes dois beijinhos, claro está que Tom levou um aperto de mão e já foi com sorte.
- Avestruz -.-. – Tom murmurou um bocado cansado de já ver ali a rapariga e ainda agora tinha chegado, havia qualquer coisa nela que o deixava estranho e completamente irritado, de mau humor. Carol ouviu mas não ligou, não fazia tenções de lhe dar muita bola. Não gostava dele por que raio é que lhe haveria de falar?
- Bem e o que é que vamos jantar? – perguntou.
- Ainda agora chegou e já quer comer! – picou Tom. “Que raio, mas porque é que isto tem que me sair?” perguntou-se interiormente.
- Problemas? – perguntou simplesmente Carol.
- Alguns.
- Ai sim? Porquê?
– “Ok eu estou-me a passar de certeza!” pensou Carol rindo de si mesma, estava a começar a entrar no picanço dele, sem querer.
- Porque sim. Simplesmente porque sim. – respondeu Tom.
- Não tens respostas para mim, cabeça de esfregona? – riu. Tom olhou-a revirando os olhos.
- Não quero é dar-te conversa. – respondeu fugindo ao assunto.
- Deve ser verdade….
- Não deve é!
– disse sentando-se melhor no sofá unicamente por ele ocupado.

- Estes dois dão-me cabo do juízo… - desabafou Bill a Ana que estava sentada na cama ao seu lado, pois Georg passara para o puff que se situava ao lado do sofá onde Tom estava instalado.
- A quem o dizes. Ela não queria vir, por causa dele! – respondeu Ana.
- É, o Tom também não gostou da ideia. Odeiam-se completamente.
- Ya, por uma mera queda na recepção do Hotel! -.-
- Pois foi!
– Bill riu. – Até deve ter tido piada!
- Sim!
– Ana acompanhou-o.

- Posso jogar? – perguntou Carol a Gustav e Georg que estavam de volta da PS. Tom dirigiu-se à varanda, não tinha nada para fazer ali dentro, por isso…
- Claro joga por mim enquanto eu vou à casa de banho! – disse Gustav passando o comando a Carol que se sentou no puff e continuou a corrida com o carro do Gustav.
- Ele leva grande atraso vais perder! – gozou Georg.
- Será? – Carol riu começando a ganhar logo controlo sobre o carro e a apanhar terreno perdido.
- Ok, és melhor do que o que eu esperava! – disse Georg vendo que Carol o começava perigosamente a perseguir.
- Para uma rapariga? – perguntou distraidamente com um sorriso cruzando as pernas e pousando um dos cotovelos no joelho de modo a controlar melhor o comando.
- Também! – Georg soltou uma gargalhada.
- Porquê? – perguntou curiosa. – Achas que as raparigas não chegam longe nestes jogos?
- Pareces tão feminina que depois ver-te a jogar carros é estranho!
– riu.
- Está bem, está bem! – riu com ele – Mas comigo não podes pensar bem nesse modo! – avisou - Sou um bocado imprevisível! – acrescentou recostando-se no puff ao ver as palavras ‘Game Over’ piscarem na parte do ecrã de Georg.
- Ok, vamos à desforra miúda! – disse-lhe, não gostava de ficar atrás.
- ‘Bora! Temos a noite toda! – riu começando outro jogo.

Gustav veio da casa de banho e ao ver que Carol estava a dar uma coça a Georg soltou uma gargalhada e apoiando a rapariga moralmente dirigiu-se à varanda. Encontrou Tom a fumar um cigarro.
- Outro? – perguntou.
- Outro quê? – perguntou Tom, distraidamente.
- Outro cigarro!
- Problemas?
- Eu não, não sou eu que posso vir a ter cancro por fumar…
- despachou. Tom encolheu os ombros. – Olha lá o que é que foi? – observou.
- Nada. Por que é que se havia de passar alguma coisa? – perguntou sentando-se no chão de pernas esticadas.
- Estás estranho desde que conheceste a Carol. – explicou.
- A miúda dá-me volta ao nervosismo queres o quê?
- A miúda dá-te é cabo do ego!
- Gustav…
– levantou-se e olhou-o. - … não tenhas macaquinhos. – entrou no quarto. Sentou-se na cama a brincar com as mãos. – Ai que seca! – desabafou deixando-se cair para trás.
- Cansado maninho? – perguntou Bill.
- Também, mas aqui não se faz nada! -.-
- Vai passear!
- Olha vou ao bar!
– levantou-se – Até já! – disse antes de fechar a porta atrás de si.
- Espera aí!! – disse Bill atabalhoadamente saindo atrás dele. – Já venho pessoal!
- Oi?
– perguntou Ana.
- Deve ter alguma coisa para lhe dizer! – sorriu Gustav sentando-se ao lado dela.
- Certo! – riu.

- Tom! – chamou Bill.
- Que foi? – perguntou-lhe com um sorriso.
- Nota-se assim tanto que… - interrompeu-se brincando com os pés na alcatifa vermelha do corredor - … que…
- Que sentes alguma coisa pela Ana?
- Sim.
– respondeu envergonhado.
- Um bocadinho. Pelo menos para mim, e para eles os dois que já te conhecemos de ginjeira! – sorriu.
- Ahm…
- Queres que te arranque as perguntas, maninho?
– perguntou retoricamente – Se penso que ela já se apercebeu disso? – Bill olhou-o. O irmão era tudo.
- Sim.
- Não sei. Não a conheço. Mas provavelmente não!
– Bill suspirou. – Mas não queres que ela saiba?
- Não sei o que ela sente, Tom!
- Pergunta-lhe!
- Ai como se isso fosse simples!
- É, tu é que complicas! -.-
- Não, tu é que não sabes o que é!
– atirou.
- Oh!
- É verdade, tu ignoras o amor! Mas vá isso agora não interessa, no dia em que ele te bater à porta…
- Bill foi interrompido.
- … ela vai estar fechada e trancada a sete chaves! – Tom completou a frase no seu ponto de vista.
- Contigo não vale a pena! -.- Vou voltar, vens?
- Sim, pode ser que jogue um bocado PS. Apetece-me ganhar ao Hobbit!
– riu.
- Ele estava a perder com a Carol!
- Isso não interessa!
– fugiu do assunto “Carol” voltando atrás no caminho que percorreu até ser abordado pelo irmão.

Voltaram ao quarto.
- Foste rápido! – estranhou Georg.
- É, foi só uma rapidinha! – riu Tom.
- Com o Bill?! – perguntou Gustav com os olhos esbugalhados – Gott!
- Estás parvo ou o quê?!
– atirou Bill.
- Também acho, há gajas bem mais giras que o Bill! – anunciou Tom a rir.
- Eu não sou uma gaja! -.- – refilou Bill sentando-se ao lado de Ana que ria com a conversa.
- Não estás lá longe disso maninho, até já usas saltos altos e tudo! – gozou.
- Vai à merda, Tom! -.- - disse por fim enterrando-se no sofá. Tom encolheu os ombros chegando-se até Georg, queria um jogo com ele, queria, basicamente ganhar.
- Então Ge um joguinho? – perguntou.
- Para continuar a perder? – perguntou. – Dispenso. – disse levantando-se dali e indo ao encontro de Gustav que estava sentado num sofá a conversar alegremente com Bill e Ana.
- Quê não me digas que aqui a avestruz tem jeito para a coisa!? – Carol olhou-o.
- Sim, cabeça de esfregona tenho jeito para muita coisa! – atirou Carol em desafio.
- Muita coisa? – riu – Deve ser verdade deve!
- Queres experimentar?
– perguntou.
- O que é que tu tens para eu experimentar? – perguntou olhando-a no mesmo desafio, fixando o decote de Carol onde as palavras lhe saltavam à vista. "Porque raio traria ela esta camisola?!" perguntou. "Oh Tom cala-te, meu 'tás a sonhar!" disse-lhe a própria consciência.
- Isso depende.
- De quê?
- Se tens alguma preferência em experimentar alguma coisa…
- Carol estava a achar graça àquilo.
- Quero experimentar jogar. – respondeu olhando os comandos da PS. – Ver do que és capaz, já que ganhaste ao Hobbit! – olhou-a com particular estranheza.
- Então ‘bora senta-te! – disse-lhe. Começaram o jogo, seria escusado dizer que foi difícil?
Sim, tanto Tom como Carol tinham como passatempo a PS e carros. Carol era uma apaixonada por carros, amava tunning, achava totalmente fascinante. A velocidade, a adrenalina! Tudo!
Tom também gostava, era louco por tudo isso, o mundo da velocidade fascinava-o, o seu carro, uma autêntica bomba era um dos seus sonhos realizados.

- És boa nisto! – disse Tom perseguindo-a, estavam a uma volta do fim e a disputa era de facto renhida.
- Posso dizer-te o mesmo! – disse subindo a mudança. Tinham acordado que iriam jogar com mudanças manuais e não automáticas, já que ambos se achavam os melhores porque não prová-lo?
A meta estava próxima e eles corriam lado a lado já um pouco inclinados para a frente nos puff’s, como que se o carro andasse mais rápido por isso.

- Carol?! – chamou Ana.
- Agora não! – retribuiu instantaneamente fixando o ecrã.
- Tom?! – foi Bill que o chamou tentando também tirá-lo a ele do transe em que se encontrava, afinal já estava na hora de jantar e os estômagos dos outros 4 já davam horas!
- Já vai! – respondeu mecanicamente.
- Merda. – sussurrou Carol. Perdera a corrida por uma manobra mal feita no final da curva antes da meta, perdera o controlo do carro e Tom adiantou-se.
- Afinal não és assim tão boa! – disse-lhe Tom sorrindo com a vitória.
- Não te iludas! – respondeu – Isto não acabou!
- Uuuh ela quer a desforra?
– perguntou.
- Quero! – disse olhando-o fixamente nos olhos, Tom encolheu-se, aquela miúda tinha um olhar demasiado penetrante.
- Vamos a isso então! – disse-lhe pondo-se em posição para voltar a disputar um jogo, há muito tempo que ninguém lhe dava tanta luta num jogo, tinha saudades de um bom jogo bem jogado.
Voltaram a concentrar-se na diversão.

- Não vai valer a pena chamá-los pois não? – perguntou Bill aos outros três que estavam sentados ao seu lado e à sua frente.
- Não! – riu Ana. – Quando lhe dá para o jogo, não é fácil tirá-la dali!
- Posso dizer o mesmo do Tom!
– riu Gustav. Georg e Bill acenaram afirmativamente.
- Então e comermos nós não? – perguntou Georg – É que eu tenho fome! – anunciou coçando a parte de trás do pescoço.
- Acho que sim! – riu Bill.
- É o quê? – perguntou Ana.
- Lasanha! – sorriu Gustav. – Serve?
- Perfeitamente!
– disse Ana – Melhor era impossível!

- Vamos pedir o jantar, querem comer? – perguntou Georg a Tom e Carol pondo-se atrás deles para poder ver a corrida. – Wow! – exclamou. Mais uma vez corriam lado a lado na pista.
- É desta que te ganho! – disse Carol com um sorriso nos lábios, ao ver que quem falhara a curva desta vez fora Tom.
- Nunca gostei desta pista! – desculpou-se ao ver Carol chegar primeiro que ele, e observar ‘Game Over’ escrito no seu ecrã.
- Pois sim claro! Como se eu acreditasse nisso! – riu Carol, ele não tinha bom perder. Mas era uma verdade que também Carol odiava perder.
- Já vi que vamos ganhar à vez! -.- Ficamos empatados e acabou-se!
- Sim, pela primeira vez na vida acho que tenho que concordar contigo!
– admitiu Carol.
- Ui! Ela hoje…
- Que é que tem ó ave rara!?
- Nada, nada!
– disse – Que queres óh tu que estás parvo a olhar para o ecrã? – perguntou Tom a rir olhando Georg.
- Ela ganhou-te! – disse boquiaberto apontando para o ecrã.
- Pois sim e então? – perguntou não muito contente com a verdade.
- Não é normal só isso! – sorriu ao sair do transe em que se encontrava. – Vamos comer?
- Sim! Isto deixou-me esfomeada!
– apressou-se Carol a responder.
- Sim, vamos. – concordou Tom.

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