domingo, 13 de dezembro de 2009

#6



- Agora ia bem um filme não? – perguntou Ana aninhando-se no corpo de Bill que se mantinha sentando ao seu lado.
- Desde que não seja de terror… - disse Bill.
- Eu estava a pensar nisso! – riu ela.
- E eu também. – disse Georg. Gustav concordou.
- E vocês os dois? – perguntou Gustav a Tom e a Carol.
- Por mim pode ser de terror também, é um filme como os outros. – disse Tom.
- Sim, por mim também! Querem pipocas? – perguntou Carol.
- Ah eu quero! – disse Ana.
- Então ‘bora fazê-las! – disse. Ana beijou Bill e juntou-se a Carolina na cozinha.

-Ai! – suspirou Ana.
- Ui que o amor está no ar! – gozou.
- Ai a sério, já não sentia isto há tanto tempo, é tão bom! – sentou-se.
- É, é e também faz sofrer e o camandro… - disse.
- Nem todos são o Tiago! – disse Ana.
- Não me fales nesse gajo! – pediu.
- Desculpa. Não é por mal, mas eu gosto mesmo do Bill, mana, por isso é difícil ouvir-te compará-lo a esse gajo…
- Oh eu não o estava a comparar, estava apenas a falar do sentimento em si, mas a sério vamos largar esse assunto sim?
– sorriu-lhe. – Já me fizeram voltar ao passado muitas vezes estas semanas.
- Como assim?
– perguntou – Erm… o Tom?
- Sim, mas vamos parar, sim?
- Sim!
– fizeram rapidamente as pipocas e levaram-nas para junto dos outros.

- Já escolheram o filme? – perguntou Ana.
- “The ring” – disse Tom.
- Ok.
- É muito assustador?
– perguntou Bill ao ouvido de Ana. Nunca tinha visto aquele filme e filmes de terror não eram o seu forte, deixava isso para o irmão.
- Não muito. – sorriu-lhe e beijou-o carinhosamente.

O filme ia mais ou menos a meio e Ana e Carol não tinham parado de rir, achavam uma tremenda graça àquela estranha personagem.
- Mas tu vais estar calada? – perguntou Tom a Carol.
-Algum problema? Estás mal muda-te! – refilou para o lado onde Tom estava sentado.
- Deixa lá, ele é que odeia ver os outros rirem-se de filmes que não têm graça! – disse-lhe Gustav que estava sentado ao seu lado.

(…)


- Ai, dói-me tudo! – queixou-se Carol massajando as costas.
- Lá está ela a queixar-se! – refilou Ana.
- Oh. --‘
- Nós vamos indo?
– perguntou Gustav.
- Podiam dormir cá, não? – perguntou Ana.
- Por mim, pode ser! – disse Georg.
- Sim por mim também! – concordou Gustav. Bill aceitou bastante bem também.
- E tu? – perguntou a Tom.
- Não vou ser o cortes, não achas? – riu-se.
- Sei lá! Vindo de ti…
- Que graça --.
– lá se ajeitaram em dormir ali em casa.
- Mas pronto alguém vai ter que dormir com alguém… - disse Ana.
- Durmam vocês os dois juntos… - começou Carol falando de Bill e Ana - … eu durmo na sala e eles os três distribuem-se pelos quartos de hóspedes e no meu.
- Eu durmo na sala Carol!
– disse Gustav.
- Não, eu durmo e não discutas! – disse-lhe.
- Ai ok pronto. – encolheu-se. Carol sorriu-lhe.

(…)

Bill e Ana já tinham ido em direcção ao quarto dela aproveitando a primeira noite juntos, compartilhando o sentimento que tinham dentro de si.
- Eu fico com este! – disse Georg ao abrir a porta de um quarto de paredes vermelhas e brancas.
- E eu com este! – Gustav ficara fascinado com os desenhos estrelados existentes nas paredes azuis de um outro quarto. – Até amanhã.
- Vá eu posso ficar neste então…
- era Tom que entrava no quarto de Carol. – Wow! Brutal, isto é teu avestruz?
- Sim, por isso não mexas em nada que não devas, ok? --,
- avisou.
- Ok! – disse-lhe. Tirou a t-shirt e as calças nem se preocupando com Carol. Esta fez o mesmo. Despiu-se ficando apenas em roupa interior. Vestiu uma das suas largas t-shirts e pegou na almofada.
Tom olhava-a de alto a baixo, não podia negar que Carol tinha um dos melhores corpos que alguma vez vira em roupa interior.
- Até amanhã cabeça de esfregona.
- Até amanhã avestruz.
– disse-lhe Tom. Ela saiu e ele deitou-se pensando na misteriosa personagem que era Carol.

Todos caíram nas camas e adormeceram instantaneamente já Tom teve dificuldades, tal como Carol.
- Não tenho sono. – murmurou para si mesmo. Sentou-se na cama a olhar o quarto. – A rapariga tem bom gosto, chiça! – levantou-se e foi até à janela. A vista era particularmente linda, fazia lembrar o telhado do Hotel em que ainda estava hospedado.
Andava entretido com as gavetas da roupa de Carol quando ouviu uma breve e suave melodia.
- Ela está a tocar? – perguntou-se. Decidiu ir até à sala, apenas nos seus boxers.

Carol também não conseguia dormir, ainda se deitou no sofá mas não, não valia a pena, não iria adormecer e ainda por cima começava a doer-lhe as costas. Sentou-se no sofá e pegou na sua gibson.
Trinou alguns acordes, e entoou alguns versos, no entanto nunca tinha tocado nem pronunciado tal coisa…

Tom encostou-se à ombreira a observá-la. Carol era linda, tinha um corpo realmente bom, mas tinha uma mentalidade estranha. Continuava a pensar na história do “Eu não me apaixono, cabeça de esfregona!” “Eu não choro, Tom”. Teria sofrido no passado? Sim, provavelmente. “Um dia hei-de saber. Ela tem qualquer coisa de especial…”

“Oh but now I don't hate you
I'm happy to say
That I will be there…”

Parou e levantou-se à procura de um caderno, mas não encontrava.
- Em cima da mesa atrás de ti. – dissera Tom que percebera o que ela procurava.
- Fodasse que me assustas-te! – disse-lhe Carol levando uma mão ao peito.
- Desculpa! – ele riu.
- Não há crise. Mas acordei-te? – perguntou alcançando o dito caderno e uma caneta.
- Não, mas não conseguia dormir! – disse. Sentou-se ao lado dela. – Estás a compor?
- Surgiu-me uma ideia só isso…
- disse escrevendo habilmente - … man, isto não é meu… - murmurou para si. Estava a escrever letras que falavam de coração coisa que Carol aparentemente não tinha…
- Han?
- Cabelo!
– respondeu-lhe. Tom olhou-a. “Lá está ela a usar as mesmas coisas que eu --,” pensou. – Esquece. – respondeu-lhe encostando-se no sofá.
- Carol… - chamou Tom. Carol emitiu um “Huum” e Tom continuou. – Posso perguntar-te uma coisa?
- Já estás a perguntar esfregona…
- Ok, reformulando --, posso perguntar-te duas coisas?
- Sim, desbobina.
- O que é que aconteceu no teu passado que fez com que nunca mais te apaixonasses?
– perguntou.
- Nada de interessante…
- Oh. Mas pronto se não queres falar eu compreendo…
- Tom…
- ele olhou-a - … eu fui ler coisas sobre vocês, e li que tu também não te apaixonas, que não acreditas no amor, por isso não vejo o que é que eu possa ter de diferente ao dizer-te que não me apaixono. Não é como tu?
- Não, aposto que não é.
- Como estás tão seguro disso?
– perguntou. “Porque raio o interrogatório?!”
- 6º sentido!
- Ah tu também tens isso? Pensei que eram só as mulheres!
- Pronto já está a insinuar que sou gay ou algo parecido! --,
- Eu não pensei nada disso óh! -.-‘
- Mas pensaste em pensar!
– deitou-lhe a língua de fora. Carol abanou a cabeça em desaprovação.
- Não pensas antes de falar, pois não Tom? – sorriu-lhe. Ele encolheu os ombros e deitou a cabeça para trás. – Vou fazer café, queres? – perguntou levantando-se.
- Pode ser. – disse – Queres ajuda?
- Não.
– Carol dirigiu-se à cozinha e preparou duas canecas de café. Havia algo na sua cabeça que não estava a bater certo! Porquê pensar em letras lamechas? Porquê dar importância àquilo que Tom dizia? Porquê gostar da preocupação e do interesse dele por si? Era estranho, mas não havia de ser nada. E se fosse, deixaria de ser num breve estalar de dedos.

Tom adormecera no sofá depois de dar uma espreitadela nas letras que Carol acabara de escrever. “Interessante…” pensou.
- Adormeceu. --, e dizia que não tinha sono, tá certo. – sentou-se ao lado dele e leu as suas próprias palavras em voz alta entoando baixinho.

“Oh but now I don't hate you
I'm happy to say
That I will be there at the end of the day”


Tom mexeu-se.
- Acorda! – Carol abanou-o, já que ele estava ali ia fazer-lhe companhia.
- Huum.. – Tom mexeu-se e espalhou-se no chão. Carol riu.
- Parvo olha o café.
- Chata! Podias-me deixar dormir, não?
– disse sentando-se no sofá novamente.
- Se fiz o café vais bebê-lo! Nem que tenha que to enfiar pela goela abaixo! – avisou.
- Não eras capaz! – riu-se.
- Queres apostar? – perguntou.
- Não. -.-
- Bem me parecia!
– bebericou o seu café e olhou a televisão, estava apagada. – O comando?
- Sei lá eu do comando agora, a casa é tua! --.
– disse olhando em volta. Ambos fitaram o chão e ao mesmo tempo se baixaram para apanhar o comando largando as chávenas na mesa em frente.
Estavam demasiado próximos, podiam sentir a respiração do outro tocar a sua pele. Tom decidiu arriscar, há que tempos que andava para experimentar Carol. Era gira, bom corpo e até tinha uma personalidade interessante, mas mesmo assim tinha medo da reacção dela, afinal detestavam-se, ou assim ele pensava.
Carol deixou-se levar, era um beijo, ponto mais nada. As suas línguas dançavam em sintonia e encaixavam na perfeição. Carol esticou-se deitando Tom no sofá e deitando-se sobre ele explorou com as suas mãos o seu atlético corpo. Tom deixou-se ir, se ela avançara por alguma razão era. Despiu a t-shirt de Carol e deu-se ao luxo de sentir as suas curvas com a ponta dos seus finos dedos. Subiu pelas suas costas e desapertou o fecho do soutien da rapariga. Desceu os lábios pelo seu pescoço roçando o seu piercing na suave pele dela e encontrou o seu peito firme, beijou-o. Carol suspirou, já não tinha divertimento há algum tempo e Tom naquele momento era o alvo ideal. Desceu os seus lábios até aos seus abdominais e sugou-os deixando uma mancha vermelha sobre um dos definidos quadradinhos que Tom tinha naquela parte da sua barriga. Brincou com o seu piercing no umbigo de Tom e ouviu-o rir sensualmente com cócegas. Ela sorriu, ele excitava-a com um simples riso. Tirou-lhe os boxers vendo que Tom estava igualmente excitado. Alcançou a mesa que estava atrás do sofá e de dentro da primeira gaveta retirou a caixa dos preservativos. Colocou um em Tom e despiu os seus próprios boxers, não queria mais rodeios.
Tom sorriu e virou-a ficando ele por cima. Antes de passar ao passo seguinte ainda se deu ao prazer de brincar com a língua no piercing que Carol possuía no umbigo. Sentiu-se suspirar e seguidamente entrou nela fundo e lentamente ouvindo um gemer baixinho saído dos lábios dela. Beijou-a. Ela sabia bem.

*

Carol apertou-o contra o seu corpo suado ao sentir um espasmo percorrer o seu corpo.
Um minuto mais tarde era a vez de Tom cravar as unhas na cintura de Carol e ceder ao prazer. Saiu dela e retirou o preservativo colocando-o na embalagem onde outrora estivera.
Carol encostou-se no sofá tentando controlar a ofegante respiração pondo o antebraço sobre os olhos entreabrindo os lábios. Ele tivera-a cansado mais do que qualquer outro rapaz. Tivera-a conseguido excitar mais que qualquer outro. Ele tinha algo que a fazia implorar por mais.
Tom não resistiu a roubar-lhe um fugaz beijo. Ela tirou o braço dos olhos e olhou-o. Não suportou em sorrir-lhe ao vê-lo sorrir abertamente para si. Aproximou cuidadosamente os seus lábios dos de Tom e estudou-os ao pormenor. Substituiu os seus lábios pelos seus dedos e brincou levemente com o piercing que ele ali possuía, o que o fez sorrir com o gesto. Tom afastou os dedos dela dos seus lábios com a sua mão e preencheu os lábios de Carol com os seus num simples toque que implorava por algo mais. Levantou-se, largando-a e vestiu os boxers dirigindo-se à cozinha depositando a embalagem quadrada no lixo, deixando-a de sorriso na cara. Quando voltou à sala Carol pousava o seu soutien num dos braços do sofá, acabando de vestir a t-shirt e os seus boxers. Sentou-se e pegou no café, ainda estava morno.
- Não tens sono? – perguntou Tom. Não abordou nada sobre o que acabara de acontecer, afinal não sabia porque raio Carol tinha ido para o sofá com ele.
- Não. Devo ficar a ver TV ou assim… - respondeu bebericando o café.
- Huum…
- Porque é que isto aconteceu?
– perguntaram ao mesmo tempo olhando-se.
- Estás arrependida? – perguntou Tom. Era um facto que levava qualquer uma para a cama, mas normalmente elas queriam-no mais que tudo e Carol não dava isso a entender, antes pelo contrário.
- Não é isso, mas tipo… eu odeio-te ya? – disse-lhe, tentando-se convencer disso mesmo.
- Olha boa a sério?! – respondeu ironicamente.
- A sério… - disse - … ou pelo menos é isso que penso…
- Carol…
- pegou-lhe levemente na mão. Carol mirou o gesto desconfiada. - … esquece. – largou-a e enterrou-se no sofá. Ela encolheu os ombros, nem se preocupando com fosse o que fosse que ele ia perguntar.
“Não vai valer a pena perguntar-lhe porque raio é insensível, pois não?” perguntou Tom à sua consciência.
Carol fazia zapping na televisão, não tinha mesmo sono nenhum, parecia que naquela noite tudo a ia assombrar. Era Ana a falar no Tiago, era a mãe, era sexo com Tom! Suspirou bem fundo enterrando-se no sofá. Tom levantou-se do sofá apanhando a sua caneca e foi pô-la à cozinha. Voltou à sala.
- Até amanhã. – disse antes de sequer poder ouvir a resposta de Carol.
- Até amanhã, Tom. – respondeu para o vazio. Eram 6 da manhã e apostava consigo mesma que não conseguiria dormir absolutamente nada. Pegou na menina dos seus olhos e voltou a tocar aquele excerto de música que naquela noite a tinha assaltado. Aquilo fazia lembrar-lhe os 16 anos, os momentos seguidos à quebra do seu coração, quando prometeu a si mesma nunca mais voltar a amar. Foi nessa mesma noite, dia 23 de Setembro que Carol decidiu isso. E que dia era hoje? 23 de Setembro. Agora sim estava completamente explicado. Só aquilo que sentia no seu coração, que sentia no seu peito não estava. E Carolina desconfiava que não seria fácil explicá-lo. Começava a sentir de novo. Começava a sentir algo por Tom. E porquê por ele?

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