
Tom estava deitado de barriga para baixo na cama, abraçado à almofada vendo e revendo a cena. Não sabia porque é que Carol fizera aquilo, e se calhar também não queria saber, a resposta podia ser demasiado cruel para o seu fraco coração. Era a primeira vez que se apaixonava a sério e já tinha um punhal cravado em si. Era justo? Ele julgava que não.
Sentia uma dor estranha no peito, sentia-se pesado, sentia-se traído, mas tinha um sentimento que se sobrepunha a todos os outros: o amor que sentia por Carol. Sim, amava-a. Amava-a com todas as suas forças, nunca lho tinha dito por palavras, mas no silêncio de um olhar já lho tinha confessado vezes e vezes sem conta. E Carolina retribuía. Não percebia o que é que a tinha levado a traí-lo. Por muitas voltas que desse à cabeça, nunca tinha feito nada para Carol o apunhalar, mas ela fê-lo. Será que o irmão tinha razão ao dizer-lhe que provavelmente tinha sido efeito do álcool? Talvez.
O seu telemóvel tocou. Olhou o visor e viu Bill escrito nele. Deveria ser importante, ou então ele não lhe ligava sabendo que Tom queria estar sozinho. Atendeu.
**
- Estou? – disse roucamente das lágrimas que continuava a não querer soltar.
- Tenho notícias da Carol queres saber? – perguntou Bill. Tom hesitou. Queria mesmo saber?
- Fala.
- A Carol está em coma. – despejou. Tom respirou pesadamente. Coma?
- Como? – perguntou.
- Pelo que a Ana disse teve qualquer coisa a ver com álcool e colapso emocional… - disse.
- Colapso emocional? – perguntou. Porque raio é que Carol teria um colapso emocional?
- Sim.
- Devido a quê?
- Não se sabe. Só quando ela acordar é que podemos perguntar.
- Ok.
- Boa noite, Tom. – despediu-se Bill.
- Boa noite, Bill. – disse desligando o telemóvel topo de gama.
**
Coma? Por colapso emocional? Se fosse só do álcool compreendia, Carol tinha bebido uma garrafa e meia de vodka sozinha, era mais que normal que lhe desse uma coisa, mas por emoções? Entrar em coma por causa de emoções? Emoções de quê? “Prazer?” pensou ironicamente. Impossível, senão já os teria tido cada vez que fazia amor consigo e isso nunca tinha acontecido. “Culpa?” perguntou-se. Culpa por o ter traído? Por o ter visto entrar na casa de banho e sair no minuto seguinte completamente alterado? Não sabia.
(…)
Tinham passado três dias e Carol não acordava. O médico tinha falado em dois e três já lá iam. Ana tinha levado as suas coisas do hotel para sua casa e neste momento iria voltar ao hospital com Bill.
- O Tom? – perguntou.
- Continua apático no quarto de hotel. Não quer sair, não quer comer e tenho a sensação que não dorme nada de jeito. – suspirou. Ver o irmão naquele estado estava a matá-lo por dentro. Conseguia sentir a dor de Tom e não era de todo bom.
- Já te falou em ir vê-la?
- Não. Mas acho que já pensou nisso.
Era mais um dia que estava trancado naquele quarto branco de hotel sem nada para fazer. Tentava abstrair-se com a televisão, com jogos, mas nada, não conseguia. O seu pensamento parava sempre nela e naquela imagem. Metia-lhe nojo.
Estava sentado na cama a percorrer o iPhone em busca de entretenimento e deu consigo na caixa de mensagens. Eram todas corridas por Borboleta <3 de alto a baixo, todas, nenhuma escapava. Decidiu abrir uma e ver o conteúdo:
Hey, Tom! Não queres vir ter comigo hoje? Estou sozinha em casa, a Ana vai ter com o Bill e estou aqui a morrer na decadência. Vens?
Tom lembrava-se bem do dia daquela mensagem. Ainda não andava oficialmente com ela, mas já se davam como tal, Carol apenas não queria admitir que o queria e que gostava dele. E se não lhe faltava a memória tinha-lhe respondido algo parecido a isso.
Procurou nas mensagens enviadas e encontrou:
Hey, miúda! Eu vou ter contigo, sim, mas vê lá se admites de uma vez por todas que estás caidinha por mim e me desejas mais que tudo! Ahah :D Até já.
Deu consigo a sorrir. Podia ainda não ter consciência disso naquela altura, mas já a amava secretamente. Agora sabia que a amava e não gostava da dor que sentia no peito com o pensamento de que podia estar a perdê-la.
Deitou-se de costas e braços abertos sobre a cama. Tinha esquecido a traição e recordava apenas os bons momentos, aliás com ela tinha apenas bons momentos, até as discussões sem pés nem cabeça eram bons momentos, e porquê? Porque eram com ela, e isso bastava.
- Tenho que a ver… - murmurou para si mesmo.
- Ana. – chamou Carol debilmente. Acordara.
- Oh, Carol! Finalmente! – disse beijando a testa da irmã abraçando-se a ela, de lágrimas nos olhos.
- Vou chamar o médico! – disse Bill.
- Bill… - chamou-o.
- Está tudo bem, miúda. – sorriu e saiu piscando-lhe o olho.
- Que aconteceu? – perguntou a Ana.
- Isso perguntou eu! – disse-lhe – Que te deu Carol?
- Foi real? – perguntou a medo.
- O quê?
- Foi real o que se passou na discoteca ou eu sonhei? – perguntou com a esperança de que tivesse sido apenas um sonho parvo e que não tinha traído Tom.
- Foi real. – sussurrou Ana.
Não podia ser! Não podia! Ela tinha mesmo que se ter deixado levar por aquele gajo? Tinha? Que merda é que lhe passara pela cabeça? Nunca devia ter bebido tanto! Nunca.
- O Tom? – perguntou.
- Está no hotel.
- E? Ele está bem?
- Não. – respondeu Ana olhando-a, não lhe ia esconder nada. – Não come, não fala com ninguém, o Bill diz que provavelmente ele nem dorme. – Carol deixou uma lágrima soltar-se dos seus olhos. O rapaz que mais gostara no mundo inteiro estava a sofrer por sua culpa. Ele não merecia. Não merecia! – Calma. – Ana podia ver a raiva que Carol tinha de si mesma.
- Calma?! – sentou-se na cama. – Calma?! Eu traí-o Ana, traí-o! Como é que queres que esteja calma! Não dá! – berrou. O médico entrou na sala nesse mesmo instante seguido de Bill.
- Então, já acordou? – perguntou.
- Não, doutor ainda estou a dormir! – ironizou.
- Lá humor já tem. Mas então que se passa aqui? – perguntou examinado a máquina que mostrava os sinais vitais de Carolina.
- Passa-se que fiz merda, doutor é isso que se passa! – inspirou fundo.
- Acalme-se. – pediu.
- Não me peçam para ter calma! – refilou irritada.
- Pronto ok, então mantenha-se quieta. – sorriu o médico. – Vou deixá-la por um pouco depois preciso de a examinar. – e saiu.
- Importam-se de me deixar sozinha? – perguntou a Bill e a Ana.
- Não. – responderam e saíram a sala.
Deitou-se na cama e deixou-se ficar emersa em pensamentos, em sentimentos de culpa, em momentos passados a dois… Como é que conseguia gostar tanto de alguém que não fosse do seu próprio sangue? Como? Era estranho. Será que isto tinha acontecido para ver mesmo que amava Tom? Se calhar. Mas mesmo assim não sabia. Só sabia que o amava e que precisava de o ver, de lhe pedir desculpas, de sentir o corpo dele abraçar o seu e dizer-lhe que estava tudo bem, que não se passara nada.
Tom tinha chegado ao hospital, tinha umas olheiras indecentes, o brilho que os seus olhos outrora tiveram havia desaparecido, a vivacidade das tranças não estava presente e a roupa, apesar de apresentável, fazia demonstrar os seus sentimentos mais remotos. Encontrou Ana e Bill sentados na sala de espera.
- Onde é que ela está? – perguntou directamente.
- Está no quarto, pediu para ficar sozinha. – disse Bill levantando-se. Aproximou-se do irmão e abraçou-o. Tom retribuiu estava mesmo a precisar do conforto que os braços do irmão lhe transmitiam. Conteve mais uma vez as lágrimas e perguntou:
- Em que quarto? – Bill respondeu e Tom dirigiu-se ao quarto indicado. Viu um médico sair e decidiu perguntar quem estava nele e o que lhe tinha acontecido.
- Carolina Edvard e teve um colapso emocional ligado a um coma alcoólico. – informou.
- Obrigada. – respondeu.
- Posso perguntar-lhe quem é? – perguntou o médico.
- Sou o namorado dela. – disse sentindo cada palavra ecoar no seu cérebro e no seu peito. Sim, ainda continuava a ser namorado dela e estava ali para resolver tudo, ou pelo menos, tentar.
- Entre. – sorriu-lhe o médico.
Sentia uma dor estranha no peito, sentia-se pesado, sentia-se traído, mas tinha um sentimento que se sobrepunha a todos os outros: o amor que sentia por Carol. Sim, amava-a. Amava-a com todas as suas forças, nunca lho tinha dito por palavras, mas no silêncio de um olhar já lho tinha confessado vezes e vezes sem conta. E Carolina retribuía. Não percebia o que é que a tinha levado a traí-lo. Por muitas voltas que desse à cabeça, nunca tinha feito nada para Carol o apunhalar, mas ela fê-lo. Será que o irmão tinha razão ao dizer-lhe que provavelmente tinha sido efeito do álcool? Talvez.
O seu telemóvel tocou. Olhou o visor e viu Bill escrito nele. Deveria ser importante, ou então ele não lhe ligava sabendo que Tom queria estar sozinho. Atendeu.
**
- Estou? – disse roucamente das lágrimas que continuava a não querer soltar.
- Tenho notícias da Carol queres saber? – perguntou Bill. Tom hesitou. Queria mesmo saber?
- Fala.
- A Carol está em coma. – despejou. Tom respirou pesadamente. Coma?
- Como? – perguntou.
- Pelo que a Ana disse teve qualquer coisa a ver com álcool e colapso emocional… - disse.
- Colapso emocional? – perguntou. Porque raio é que Carol teria um colapso emocional?
- Sim.
- Devido a quê?
- Não se sabe. Só quando ela acordar é que podemos perguntar.
- Ok.
- Boa noite, Tom. – despediu-se Bill.
- Boa noite, Bill. – disse desligando o telemóvel topo de gama.
**
Coma? Por colapso emocional? Se fosse só do álcool compreendia, Carol tinha bebido uma garrafa e meia de vodka sozinha, era mais que normal que lhe desse uma coisa, mas por emoções? Entrar em coma por causa de emoções? Emoções de quê? “Prazer?” pensou ironicamente. Impossível, senão já os teria tido cada vez que fazia amor consigo e isso nunca tinha acontecido. “Culpa?” perguntou-se. Culpa por o ter traído? Por o ter visto entrar na casa de banho e sair no minuto seguinte completamente alterado? Não sabia.
(…)
Tinham passado três dias e Carol não acordava. O médico tinha falado em dois e três já lá iam. Ana tinha levado as suas coisas do hotel para sua casa e neste momento iria voltar ao hospital com Bill.
- O Tom? – perguntou.
- Continua apático no quarto de hotel. Não quer sair, não quer comer e tenho a sensação que não dorme nada de jeito. – suspirou. Ver o irmão naquele estado estava a matá-lo por dentro. Conseguia sentir a dor de Tom e não era de todo bom.
- Já te falou em ir vê-la?
- Não. Mas acho que já pensou nisso.
Era mais um dia que estava trancado naquele quarto branco de hotel sem nada para fazer. Tentava abstrair-se com a televisão, com jogos, mas nada, não conseguia. O seu pensamento parava sempre nela e naquela imagem. Metia-lhe nojo.
Estava sentado na cama a percorrer o iPhone em busca de entretenimento e deu consigo na caixa de mensagens. Eram todas corridas por Borboleta <3 de alto a baixo, todas, nenhuma escapava. Decidiu abrir uma e ver o conteúdo:
Hey, Tom! Não queres vir ter comigo hoje? Estou sozinha em casa, a Ana vai ter com o Bill e estou aqui a morrer na decadência. Vens?
Tom lembrava-se bem do dia daquela mensagem. Ainda não andava oficialmente com ela, mas já se davam como tal, Carol apenas não queria admitir que o queria e que gostava dele. E se não lhe faltava a memória tinha-lhe respondido algo parecido a isso.
Procurou nas mensagens enviadas e encontrou:
Hey, miúda! Eu vou ter contigo, sim, mas vê lá se admites de uma vez por todas que estás caidinha por mim e me desejas mais que tudo! Ahah :D Até já.
Deu consigo a sorrir. Podia ainda não ter consciência disso naquela altura, mas já a amava secretamente. Agora sabia que a amava e não gostava da dor que sentia no peito com o pensamento de que podia estar a perdê-la.
Deitou-se de costas e braços abertos sobre a cama. Tinha esquecido a traição e recordava apenas os bons momentos, aliás com ela tinha apenas bons momentos, até as discussões sem pés nem cabeça eram bons momentos, e porquê? Porque eram com ela, e isso bastava.
- Tenho que a ver… - murmurou para si mesmo.
- Ana. – chamou Carol debilmente. Acordara.
- Oh, Carol! Finalmente! – disse beijando a testa da irmã abraçando-se a ela, de lágrimas nos olhos.
- Vou chamar o médico! – disse Bill.
- Bill… - chamou-o.
- Está tudo bem, miúda. – sorriu e saiu piscando-lhe o olho.
- Que aconteceu? – perguntou a Ana.
- Isso perguntou eu! – disse-lhe – Que te deu Carol?
- Foi real? – perguntou a medo.
- O quê?
- Foi real o que se passou na discoteca ou eu sonhei? – perguntou com a esperança de que tivesse sido apenas um sonho parvo e que não tinha traído Tom.
- Foi real. – sussurrou Ana.
Não podia ser! Não podia! Ela tinha mesmo que se ter deixado levar por aquele gajo? Tinha? Que merda é que lhe passara pela cabeça? Nunca devia ter bebido tanto! Nunca.
- O Tom? – perguntou.
- Está no hotel.
- E? Ele está bem?
- Não. – respondeu Ana olhando-a, não lhe ia esconder nada. – Não come, não fala com ninguém, o Bill diz que provavelmente ele nem dorme. – Carol deixou uma lágrima soltar-se dos seus olhos. O rapaz que mais gostara no mundo inteiro estava a sofrer por sua culpa. Ele não merecia. Não merecia! – Calma. – Ana podia ver a raiva que Carol tinha de si mesma.
- Calma?! – sentou-se na cama. – Calma?! Eu traí-o Ana, traí-o! Como é que queres que esteja calma! Não dá! – berrou. O médico entrou na sala nesse mesmo instante seguido de Bill.
- Então, já acordou? – perguntou.
- Não, doutor ainda estou a dormir! – ironizou.
- Lá humor já tem. Mas então que se passa aqui? – perguntou examinado a máquina que mostrava os sinais vitais de Carolina.
- Passa-se que fiz merda, doutor é isso que se passa! – inspirou fundo.
- Acalme-se. – pediu.
- Não me peçam para ter calma! – refilou irritada.
- Pronto ok, então mantenha-se quieta. – sorriu o médico. – Vou deixá-la por um pouco depois preciso de a examinar. – e saiu.
- Importam-se de me deixar sozinha? – perguntou a Bill e a Ana.
- Não. – responderam e saíram a sala.
Deitou-se na cama e deixou-se ficar emersa em pensamentos, em sentimentos de culpa, em momentos passados a dois… Como é que conseguia gostar tanto de alguém que não fosse do seu próprio sangue? Como? Era estranho. Será que isto tinha acontecido para ver mesmo que amava Tom? Se calhar. Mas mesmo assim não sabia. Só sabia que o amava e que precisava de o ver, de lhe pedir desculpas, de sentir o corpo dele abraçar o seu e dizer-lhe que estava tudo bem, que não se passara nada.
Tom tinha chegado ao hospital, tinha umas olheiras indecentes, o brilho que os seus olhos outrora tiveram havia desaparecido, a vivacidade das tranças não estava presente e a roupa, apesar de apresentável, fazia demonstrar os seus sentimentos mais remotos. Encontrou Ana e Bill sentados na sala de espera.
- Onde é que ela está? – perguntou directamente.
- Está no quarto, pediu para ficar sozinha. – disse Bill levantando-se. Aproximou-se do irmão e abraçou-o. Tom retribuiu estava mesmo a precisar do conforto que os braços do irmão lhe transmitiam. Conteve mais uma vez as lágrimas e perguntou:
- Em que quarto? – Bill respondeu e Tom dirigiu-se ao quarto indicado. Viu um médico sair e decidiu perguntar quem estava nele e o que lhe tinha acontecido.
- Carolina Edvard e teve um colapso emocional ligado a um coma alcoólico. – informou.
- Obrigada. – respondeu.
- Posso perguntar-lhe quem é? – perguntou o médico.
- Sou o namorado dela. – disse sentindo cada palavra ecoar no seu cérebro e no seu peito. Sim, ainda continuava a ser namorado dela e estava ali para resolver tudo, ou pelo menos, tentar.
- Entre. – sorriu-lhe o médico.
páras sempre nas melhores partes --'
ResponderEliminarmete maaaaaaiiiis :D