segunda-feira, 5 de abril de 2010

#41




Carol seguiu-o até à zona onde guardava religiosamente as guitarras.

- Escolhe… - apontou uma série de guitarras, eram incontáveis.
- Wow! – Carol olhou todas elas. Cada uma era mais estimada que a outra e cada outra era mais bela que a anterior. Tom amava o que fazia da vida, amava construir melodias, amava estar num palco diante de raparigas aos berros quer por ele quer pela magia que os seus dedos faziam nas cordas de uma guitarra. - … esta. – Carol aproximou-se de uma guitarra preta espelhada. Era simples, demasiado simples comparando-a com a sua menina mas aquela guitarra tinha qualquer coisa de especial. Estava demasiado estimada. – Pode ser?
- Sim, porque sei que cuidas bem dela.
– sorriu-lhe. Carol olhou-o. – Foi a minha primeira guitarra eléctrica.
- A sério?
– perguntou. – Então não. – pousou-a no suporte.
- Carol! – olhou-a – Se gostaste leva-a, é só para tocares esta noite.
- Não te importas?
- Claro que não. O que é meu é teu…
- sorriu e aproximou-se dela encostando-a ao seu corpo e levando os seus lábios de encontro aos dela.
- Que piroso… - sussurrou Carol com um sorriso quebrando o beijo.
- Tu gostas quando eu sou piroso… - encostou a sua testa à dela e procurou o seu pescoço com ambas as mãos. - … adoras que eu mostre o que na realidade sou. – fechou os olhos ao murmúrio e voltou a unir os seus lábios aos da namorada. Sim, não podia negar que quando estava com ela o Tom que tantos e tantos anos se escondeu se desvendava, ela tinha a capacidade de o fazer retornar à infância e ser livre novamente. Ser sincero com ele próprio e não esconder mais o ser querido que era. Todos os momentos com ela eram mágicos e cada vez que a beijava de forma tão empenhada e amorosa o seu coração saltava do peito. Mas ele não se importava com isso. E porquê? Porque Carol ali estava para o voltar a pôr no lugar e isso, isso mais ninguém podia fazer.
- Gosto de autenticidade, e tu, acima de tudo és demasiado autêntico. – sussurrou mais uma vez e pegou na guitarra, libertando o seu corpo do dele ao largar a sua cintura e assistir a Tom largar o seu pescoço.
- Anda. – Tom sorriu-lhe e entrelaçou os seus dedos nos dela.

- Então? Tanto tempo? – perguntou Gustav no gozo.
- Já viste a quantidade infindável de guitarras que este sujeito tem? – perguntou Carol em resposta apontando Tom.
- Ok, ok. – Gustav riu.
- Cala-te pá! – era David que se metia – Quero ouvir que isto vai ser bom!
Carolina posicionou um dos microfones espalhados naquela sala à sua frente e colocou a guitarra ao ombro. Ia, em primeira mão, tocar três ou quatro temas que nunca ninguém tivera ouvido (à excepção de David que gravara o álbum com ela claro).
Tom e Ana sentaram-se num dos sofás pois sabiam que as pernas falhariam ao ouvi-la cantar. Tom era transportado para outro mundo cada vez que a voz melodiosa de Carolina lhe trespassava os ouvidos. Era fascinante a sensação que ela lhe provocava com simples acordes numa guitarra e a sua voz de anjo. Já Ana sempre crescera a ouvir Carol cantar e a dizer que quando crescesse iria ser cantora, e uma das mais famosas de sempre! Agora que a via a concretizar um desses sonhos o coração acelerava e as lágrimas toldavam-lhe a vista. Era sua irmã então!? Tinha todo o direito àquele momento em pleno relaxamento, em pleno concretizar de desejo.

No fim do dito espectáculo, no plasma preso à parede ao fundo da sala daquele estúdio o vídeo que Carolina tivera gravado à uns dias começava a rodar.
Carolina estacou e olhou a televisão. Será que as reacções seriam boas?
O vídeo era um bocado ‘dark side’ como a própria lhe chamou, visto ser muito escuro e Carolina ter maquilhagem carregada, envergando apenas uma peça vermelha durante todo o vídeo, o resto era totalmente preto.
Caminhava por uma rua larga que começou a estreitar até Carolina não conseguir avançar mais. As paredes estavam repletas de marcas de unhas e Carol marcou-as ainda mais. Há um clarão e de novo tudo escuro. À medida que Carolina cantava a rua em que estava supostamente sentada começava novamente a alargar e Carolina avançava lenta e cautelosamente. Estacou ao sentir sombras mexerem-se por trás de si, segundo a música seriam os fantasmas do passado. Virou-se e as sombras afastaram-se rapidamente, enquanto Carolina corria com elas. Caiu e sem forças aparentes deitou-se no chão arranhando-o. Parecia ser sugada por uma força superior fazendo com que se deitasse de barriga para cima e olhos semi-cerrados. Repentinamente uma faca é atirada sobre si e acerta-lhe no ventre. A música acaba e Carolina retira a faca de si atirando-a contra a parede prendendo contra esta uma das sombras que a perseguiu no suposto passado.

Sentiu o olhar de todos os presentes sobre si e sorriu, como que perguntando qual era a reacção.
Os mais chegados a si estavam parvos, afinal Carolina tinha retratado literalmente um periodo da sua vida naquele vídeo. Era perseguida pelos fantasmas do passado que ali simbolizavam as sombras, fazendo com que se mutilasse, nisso são as marcas e arranhadelas nas paredes que figuram. A faca cravada no ventre significa tal e qual como perdeu o filho.
Estava impressionante.
- Então? – perguntou.
- Perfeito. – Bill sussurrou olhando-a atarantado.
- Tens demasiado talento. – acrescento David boquiaberto. Ana limitou-se a sorrir-lhe e Tom alcançou-a.
- Não foi difícil retratar isto? – perguntou abraçando-a a rapariga.
- Não, afinal o passado está no passado. – sorriu-lhe e beijou-o.

(…)

- Onde vamos agora Tom? – perguntou Carolina sendo dirigida por Tom para o andar de cima do estúdio. Eram 4 da manhã e já ninguém se encontrava ali.
- Nunca subiste cá em cima? – perguntou.
- Não. – encolheu os ombros. – Era suposto?
- Não interessa...
– Tom riu-se encostando-a a uma porta. - … descobres agora. – murmurou beijando-lhe o ombro despido enquanto rodava a maçaneta da porta e os fazia entrar num ambiente pacífico.
- Wow…
- Esta noite só sabes dizer isso?
– gozou abraçando a namorada por trás pousando o queixo no seu ombro observando um pequeno conjunto de velas acesas no chão, um ramo de rosas vermelhas sobre a cama e uma taça de morangos com chantilly na mesa existente encostada à parede.
- Só me fazes coisas para dizer isto! – virou-se para ele a abraçou-o com toda a força que conseguia, enterrando a cabeça no seu peito. – Obrigada, amor. – murmurou olhando-o sublinhando a palavra.
- De nada, amor. – pronunciou-se na mesma maneira que Carol fizera enquanto se entregava aos seus lábios com uma fome revigorada. Desejava-a como nunca a tinha desejado. O vestido, o seu perfume, o seu corpo… algo puxava por ele mais do que o normal, mas gostava dessa força. Gostava de pensar que essa força invisível era o desejo que Carol possuía por si também.
Carolina deixou o seu corpo ir com o de Tom e deu por si deitada na cama coberta de beijos. Tom estava diferente, havia algo nele que naquele dia a enlouquecia, não sabia o quê mas estava a gostar. Puxou ambas as t-shirts de Tom pelo seu tronco e deixou-o nu. Percorreu com os lábios os peitorais do namorado enquanto trocava de lugar com ele e lhe removia as calças, colocou-se por cima dele. Tom desceu as mãos até ao rabo da rapariga apalpando-o e voltou a subi-las contornando todas as curvas que encontrava no corpo que já tão bem conhecia. Parou no fecho do vestido e lentamente deslizou-o até ao fim. Carolina levantou-se e despiu o vestido negro sobre o olhar atento de Tom que seguia os seus movimentos absorvendo-os embevecido. Largou o vestido na cadeira e sentou-se no colo de Tom, com as pernas à volta da sua cintura, que se houvera sentado na beira da cama.
- O piercing é lindo… - disse Tom levando as mãos às correntezinhas que Carolina tinha na barriga.
Ela acenou afirmativamente, também tinha adorado aquele presente da irmã. Beijou o pescoço de Tom e deixou-se levar pelo clima.
- Faz-me perder a cabeça… - sussurrou instintivamente enquanto passava os lábios pela linha maxilar de Tom e mais tarde os unia aos dele.
- Com todo o gosto… - levantou-se repentinamente e pousou Carolina sobre a mesa ali existente. Levou um morango até ao chantilly e passou-o sobre os seios de Carolina que gemeu com o gesto. Levou as mãos ao soutien da rapariga e removeu-lho. Colocou-se entre as pernas dela e alcançou o chantilly que espalhara com a língua, fazendo movimentos circulares sobre toda a zona, especializando-se nos seus mamilos.
Carol alcançou um morango e molhou-o ao de leve em chantilly. Colocou o morango na boca e trincou-o sensualmente, vendo Tom querer, literalmente trocar de lugar com o morango. Riu-se da reacção de Tom e levou o morango à boca de Tom beijando-o a seguir. Tom subiu para a mesa e sentou-se em frente a ela.
- Tens uma sorte a mesa ser grande! – riu Carol.
- Mas tu achas que eu não penso nas coisas? – perguntou Tom deitando o corpo sobre o dela.
- Às vezes… - sorriu-lhe alcançando a taça de chantilly, cobrindo toda a mão da cobertura açucarada. Pousou a mão nos abdominais de Tom, que já se houvera sentado novamente em frente a ela.
- Agora limpa se fizeres o favor. – sorriu passando a língua sobre os lábios de Carol. Ela riu-se sensualmente e deslocou os lábios até ao tronco de Tom. Com a ajuda de um morango ‘limpou’ o que ‘sujara’. Tom colocou as costas contra a parede e fez com que o corpo de Carolina se sentasse sobre o seu. Afundou os lábios no seu pescoço enquanto as suas mãos passeavam pelas suas costas, cintura, rabo, ancas e peito, sentindo as unhas dela arranharem levemente os seus ombros suspirando.
- Diz que és minha… - sussurrou olhando-a nos olhos beijando-a a seguir.
- Sou tua… - Carol quase suspirou, sentir Tom atacar o seu pescoço da maneira que o fazia deixava-a louca.
- Diz que me queres… - pediu com desejo.
- Quero-te… - respondeu sensualmente.
- Diz que me amas… - sussurrou novamente. Carolina olhou-o nos olhos.
- Eu amo-te… - não tinha medo de o dizer, não tinha medo algum de lhe confessar o sentimento que trazia em si, aliás até julgava que não lhe dizia muitas vezes que o amava… no entanto estas confirmações que Tom queria deixavam-na feliz.
- Diz que queres ficar comigo para sempre…
- Eu quero ficar contigo para sempre…
- murmurou beijando os lábios de Tom com os seus. Tom entreabriu os lábios e deixou que Carolina explorasse o seu interior com o piercing que tanto o levava à loucura. - … e quero-te sentir dentro de mim… - acrescentou por entre beijos quentes e molhados ao seu pescoço. Tom sentiu um arrepio ao ouvi-la pronunciar tais palavras. Saltou da mesa e arrancou os seus próprios boxers. Pegou em Carolina, que se riu, com a sua rapidez repentina, e deitou-a calmamente sobre os lençóis negros da cama retirando-lhe a última peça de roupa que ainda permanecia no seu corpo. Antes de se posicionar no interior das suas pernas e conceder o desejo que ela à segundos atrás lhe pedira pegou numa das rosas vermelhas que estava pousada na cama, no conjunto do ramo, e percorreu o corpo de Carolina com as pétalas, fazendo movimentos circulares por todo o corpo nu e algo suado dela.
Entrou em Carolina com uma suavidade distinta e pouco comum nos actos que partilhavam. Fazia movimentos ondulatórios com a pélvis contra o interior de Carolina, enquanto ela gemia apertando o seu rabo contra o próprio corpo. Sentia-se perto do clímax e sentia que Carolina chegaria lá em breve também, então abrandou o ritmo e deixou-se inundar por um primeiro espasmo.
Carolina apreciava o momento com todos os sentidos e apreciava o facto de Tom lhe querer dar o maior prazer possível e imaginado. Gemeu o nome dele ao seu ouvido e pegando no botão da rosa esmagou-a na mão ao sentir o seu corpo ceder a um primeiro impulso. Tom voltou a subir de ritmo e cada vez que se sentia perto do fim começava um novo início.

Deixaram-se cair exaustos na cama, lado a lado. Tom beijou suavemente o ombro de Carolina e pousou a cabeça no seu peito ofegante. Beijou um dos seus seios e provocou em Carol uma gargalhada sensual por cócegas.
- Eu amo-te sabias? – perguntou pousando o queixo no peito dela olhando-a nos olhos.
- Hoje estamos muito inspirados para declarações está visto… - sorriu-lhe brincando com uma das suas tranças pretas.
- Problemas com isso? – sorriu voltando a beijar o peito de Carol ouvindo novamente uma risada. – Adoro ouvir-te rir… - murmurou puxando um dos lençóis cobrindo os corpos nus e suados de ambos. Olhou Carolina nos olhos e esperou uma resposta calada. Beijou os seus lábios suavemente, queria apenas sentir a sua textura e depositar neles o seu amor por ela. Carolina deixou-se envolver no beijo e levando uma mão ao pescoço de Tom elevou um pouco o seu tronco até encostar a sua testa à de Tom.
- Tenho o melhor namorado do mundo… - sorriu num murmúrio.
- Claro que tens! – riu-se. Carol acompanhou-o.

(…)

Eram 3 da tarde e Tom estava deitado na cama voltado para Carolina com o cotovelo no colchão e a cara apoiada na mão. Passava a ponta dos seus dedos sobre o braço dela descoberto pousado sobre o seu peito por cima do lençol, tinha o corpo aninhado no dele e respirava pausadamente. Ela era linda a dormir. A sua face parecia esculpida à mão e trabalhada com todo o cuidado. Era perfeita. E como se isso não chegasse era sua namorada e a mulher que amava. Reviveu em três segundos todo o tempo em que já a conhecia: tinha-a odiado ao primeiro encontrão, tinha-a desejado e a partir daí algo que nunca esperara desenrolar-se em si desenrolou-se. Apaixonou-se por ela e deixou-se levar completamente por esse sentimento. Já tinha vivido tanto ao lado de Carolina. Já tinha sorrido tanto, já tinha chorado, já tinha sofrido… já tinha sentido na pele uma das coisas mais belas à face da Terra e infelizmente também tinha o reverso da moeda: ser pai e perder um filho. Tom ainda ressentia o que se passava, continuava a dizer que a culpa era sua, mas cada vez que comentava isso com Carol ela ganhava outra forma, na defensiva e dizia-lhe sempre que não, que ele não tinha culpa de nada. O verdadeiro culpado de tudo era Joel, a quem Carol já tinha posto em tribunal por tentativa de homicídio. Carolina tinha plena noção de que não era verdade, ele não a tentara matar, mas vingar-se dela e as consequências tinham sido demasiado graves. No entanto uma das provas que estavam de pé eram que Carolina tinha sido alvo de uma facada no ventre que vitimara o seu pequeno rebento de quase quatro meses, e isso é quase um homicídio… isto no pensamento de Carolina claro.
Parou a linha de pensamentos ao sentir Carolina mexer-se no seu regaço.

- Bom dia… - sussurrou ela espreguiçando-se.
- Bom dia… - murmurou Tom traçando beijos sobre o pescoço da rapariga. Carol virou-se completamente para ele e aninhou-se no seu peito agarrando-se à sua cintura.
- Diz-me que não tenho que me levantar… - pediu beijando gulosamente o peito de Tom.
- Tens. – riu-se. – Tens uma marcação na loja… não te lembras? – perguntou.
- A loja!! – largou Tom rapidamente e saltou da cama levando um dos lençóis consigo, enrolado ao corpo. Ele riu-se. – Esqueci-me! – procurou as cuecas e o soutien pelo chão do quarto e vestiu-se. Alcançou o vestido que tinha pousado na cadeira e vestiu-o, mas precisava de ajuda. – Uma ajudinha? – sorriu a Tom enquanto calçava os sapatos de tacão alto.
- Gosto mais de te despir mas… - riu-se levantando-se da cama. Apanhou os boxers e vestiu-os. Aproximou-se da namorada por trás e fechou-lhe o fecho até cima. Depositou-lhe um beijo no ombro despido e rodou-a para si sobre a cintura. Carolina levou os lábios aos dele e procurou a sua língua pretendendo estimulá-la com o seu piercing que sabia deixá-lo fora de si.
- Vemo-nos logo? – perguntou dirigindo-se às calças de Tom tirando de lá as chaves do desportivo R8.
- Sim. – aproximou-se dela e beijou-lhe os lábios – Não te espetes, sim? – gozou-a olhando as chaves do próprio carro.
- Só me espeto contra ti. - piscou-lhe o olho e saiu do quarto.

Tom deixou-se cair na cama sobre costas e de braços abertos.
- Ela existe e eu não estou a sonhar. – sorriu para si mesmo.

- Falta uma coisa! – Carolina entrou de rompante no quarto e apanhou o ramo de rosas que estava pousado no chão ao lado da cama elevando-o no ar. – Isto! – olhou o ramo. Tom sorriu e voltou a beijá-la, visto que Carol se houvera debruçado sobre si. – Até logo, puto.
- Até logo.
– disse literalmente para o vazio.

Sem comentários:

Enviar um comentário