quinta-feira, 8 de abril de 2010

#47



PENÚLTIMO


Incrível como o tempo passa. Há seis anos atrás Carolina conhecera os Tokio Hotel, apaixonara-se por Tom, construíra uma carreira de sucesso na música, engravidara, perdera a criança e era actualmente super feliz. Não se podia queixar da vida que levava, afinal tinha a sua loja, tinha mais umas quantas tatuagens pelo corpo, tinha dois álbuns de sucesso no mercado, seis singles número 1 em vários países de todo o mundo e era completa como pessoa. Tom completava-a em todos os aspectos possíveis e imaginários. Se olhasse para trás, se olhasse no mínimo para 8 anos atrás nunca diria que isto lhe iria acontecer. Nunca pensaria encontrar alguém compatível com a sua personalidade. Nunca pensaria ter uma relação de um mês quanto mais seis anos, mas Tom conseguiu focar nesse aspecto, conseguiu recuperar aquilo que ela um dia foi, e conseguiu que aquele vício estúpido e que tanto mal lhe fazia fosse quebrado. Tom conseguiu com muita força de vontade por parte de Carolina, fazer com que ela parasse de se mutilar.

- Vamos almoçar, Tommy. – Carolina chegou-se ao ouvido de Tom, que estava deitado numa das espreguiçadeiras que o seu jardim possuía. Ele saltou ligeiramente.
- Que susto! – sussurrou sentando-se.
- Desculpa! – riu-se. – Chama a Sophie. – pediu. Ela voltou para dentro.
- Sophie! – Tom chamou a sobrinha que estava em sua casa visto o irmão e Ana estarem de lua de mel, pelo recente casamento.
- Sim! – gritou para Tom visto estar também no jardim de volta do skate. Era a paixão da rapariga de seis anos, ninguém sabia bem porquê mas Sophie desenvolvera essa paixão e Tom até apoiava, afinal também ele era fã daquele desporto radical. Já Bill não era tão a favor pelo simples facto de ter receio que a filha se magoasse a sério, como viu o irmão fazer quando era mais novo.
- Anda almoçar! – pediu dirigindo-se à grande janela panorâmica que dava acesso a casa, entrando. Sophie pegou no skate e trazendo-o por baixo do braço pousou-o na entrada.
- A tia? – perguntou sentando-se numa das cadeiras para puder trocar de ténis.
- Estou aqui. – sorriu à pequena rapariga loira aparecendo da cozinha. Tinha herdado os cabelos loiros sujos dos Kaulitz e os olhos castanho avelã da mãe, tal como também possuía o sinal no queixo de Bill. Sophie correu a abraçar-se à cintura de Carolina, encostando a cabeça à sua barriga de sete meses.
- Está a mexer!! – guinchou. Tom riu-se e aproximou-se da sobrinha colocando uma mão do lado da cabeça dela e outra no fundo das costas de Carolina. – Não está tio? – olhou Tom.
- Está sobrinha! – Sophie riu-se olhando a tia.
- Vamos comer? – perguntou-lhe Carol despenteando-lhe o cabelo.
- Sim! – dirigiu-se à mesa e sentou-se no lugar que agora lhe pertencia por direito. – É o quê?
- O teu famoso bitoque!
– sorriu-lhe.
- Tens uma sorte miúda! – era Tom que gozava com a sobrinha.
- Pois tenho! – sorriu a pequena rapariga. – Mas porquê? – o sorriso desvaneceu-se e uma careta de confusão mirou Tom.
- A tua tia faz-te tudo o que queres! – fez beicinho. Carolina riu. Adorava ver aquela face de Tom, se havia alguém no mundo com o espírito perfeito entre protector e brincalhão para ser algum dia pai, esse alguém era sem dúvida Tom Kaulitz.

[Flashback]

- Que queres falar? – Tom sentou-se no sofá da sala e sentiu Carolina sentar-se ao seu lado. – Vem coisa séria não vem? – podia notar isso pela maneira como Carol agia, conhecia-a bem demais para não deixar passar aquilo em branco. E a partir do momento em que a viu em casa do irmão a querer falar consigo, soube-o.
- O assunto é sério sim, mas eu acho que não tenho capacidade para falar disto contigo… - podia lembrar-se de todas as palavras de conforto e de verdade que a irmã lhe tinha dito à cinco minutos atrás, mas não deixava de ser difícil de enfrentar um medo. Não era dela, mas era de Tom e como tal era quase como se fosse o seu próprio medo.
- Isso não é teu… - Tom estranhou. Que raio estaria ela a falar? - … não confias em mim?
- Achas? Ainda me fazes essa pergunta depois de tanto tempo?
- Sei lá contigo nunca se sabe!
– ajeitou-se com um sorriso no sofá, Carolina era imprevisível e até certo ponto ele gostava disso.
Ela respirou fundo e deitou a cabeça sobre o peito de Tom.
- Eu quero ter filhos. – despejou sem aviso prévio. Não é que Tom não estivesse à espera dessa afirmação há já algum tempo, mas vinda assim sem bases…
- … eu sei. – suspirou. – Mas e se te acontece alguma coisa?
- E porque é que havia de acontecer?
– perguntou em resposta.
- Não sei, a tua vida é muito instável…
- Nunca foi tão estável, sabes bem disso
! – levantou-se do sofá, quando discutia não conseguia estar quieta no sítio, e Tom sabia disso logo também sabia que aí se avizinhava coisa.
- Tenho medo, borboleta… - Carolina suspirou.
- E eu quero fazer-te ultrapassar esse medo, sabes? – sentou-se numa das pernas de Tom fixando o olhar no dele. – E se há coisa que sei, é que se neste momento me encontrasse grávida, era o filho mais desejado de sempre, mas não estou porque tu não queres! – falou carinhosamente.
- Eu quero, e isso é ponto assente, mas e se… - foi interrompido.
- Como é que conseguiste que os Tokio Hotel vissem a luz do dia? Foi escondendo-te dos medos? Ou lutando contra tudo e contra todos a favor da banda? – limitou-se a perguntar.
- Tens razão. – um sorriso abriu-se nos lábios de Tom – Se não lutasse pelo que quero nunca teria conseguido chegar a onde cheguei.
- Vês? Quando queres até pensas!
– sorriu-lhe e debruçou-se sobre ele beijando-lhe lentamente os lábios.

[Fim flashback]

- E a ti também! Quando pedes ela faz… - Sophie olhou Tom seriamente.
- És igual ao teu pai… - Tom sorriu, o que estava a ver à sua frente era a versão Bill em pequenino, sempre determinado e disposto a lutar. E tal como Bill também ele era assim, e por lutar contra aquele grande medo é que anos mais tarde Carolina estava grávida de um rapaz saudável.
- Não, o pai é menino! – protestou. Carolina riu.
- E tu és maria-rapaz! – Tom deitou-lhe o língua de fora.
- Olha algum problema com isso? – Carolina olhou-o em desafio, afinal podia ser muito feminina quando queria, mas certas vezes umas calças largas e uma t-shirt quase tão comprida como as de Tom é que lhe preenchiam o corpo.
- Eu não! – disse elevando ambos os braços no ar. – E agora vamos comer senão já sei que alguém me come vivo! – olhou Carol e esperou que ela se risse. Podiam correr muitos anos mas os seus trocadilhos sexuais nunca iriam acabar, afinal já faziam parte da sua personalidade.
- Ah! Então bora lá a não ofender as raparigas cá de casa!
- Sim!
– Sophie cruzou os braços e apoiou a tia.
- Estou lixado! – riu-se.
- Ah e tio… vai-te vestir! – ordenou visto Tom se ter sentado à mesa apenas em calções de banho.
- Mas temos menina mandona é? – perguntou à sobrinha levantando-se da mesa planeando ir realmente vestir-se.
- Oh! – sorriu abanando as pernas por baixo da mesa. – Tu queres é mostrar a tatuagem! – riu-se apontando a bacia de Tom onde “Borboleta” se lia.
- É isso mesmo… - riu e subiu ao andar de cima envergando umas calças e uma t-shirt.

(…)

- Papááá! – berrou Sophie correndo para os braços do pai que houvera chegado naquele preciso instante.
- Então skater em ponto pequeno! Tudo bem? – perguntou acolhendo a filha nos braços e dando-lhe um beijo na cabeça aloirada.
- Sim! – sorriu e dirigiu-se à mãe. – Mamã! – não podia deixar de também a abraçar e receber um beijinho para matar as saudades da pequena.
- Então, muitos problemas? – perguntou Ana a Carolina que se tinha sentado no sofá com ambas as mãos sobre a sua barriga.
- Achas? A miúda é bué calma, sempre na sua, é muito skater! – sorriu olhando a pequena que tentava mostrar a Bill o desenho de uma estrela que Tom lhe houvera feito na parte de baixo da tábua do seu adorado skate.
- Estou a ver que ainda vou ter alguém vestido como tu! – Ana apontou Tom e ele riu-se.
- E achas que fica mal? Eu não!
- Numa rapariga? Sempre critiquei a tua namorada quando se vestia assim.
– apontou a irmã.
- É verdade mas depois desistiu! – Carolina deitou-lhe a língua de fora.
- Que remédio! Tu ainda fazias pior!
- Ai ai, Carolina Carolina se o puto sai como tu estamos lixados!
– Tom gozou.
- É, e se o puto sai como tu, vai dar barraca! – podiam passar séculos até mas eles não seriam os mesmos se as picardias constantes não existissem, é um facto que ao longo dos anos diminuíram, mas ainda assim dava sempre para “apimentar” a relação.
- Hum, e já pensaram se o puto nasce com os vossos feitios misturados? – Bill meteu-se sentando a filha nas suas pernas. Tom e Carolina, sentados lado a lado no sofá de cor de pérola, olharam-se.
- Coitado! – riram em uníssono ao imaginar. De facto os feitios de Tom e Carolina unidos podiam vencer muitos obstáculos, mas também davam problemas, em todo o caso não pensariam nisso nos próximos tempos.

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