domingo, 16 de maio de 2010

#10


Tinha ficado em casa de David até a Tour regressar novamente, e por incrível que pareça durante aqueles três dias não teve um único pesadelo. Seria da casa? Seria do cheiro que, desde pequenina adorava no tio, estar por todo o lado? Não sabia o que era, mas acalmava-a e ajudava a não sonhar com coisas menos próprias.

Estava entretida nuns passos de danças latinas, vestida apenas com uns mini calções e um top justo, algo não normal em si actualmente, quando sentiu alguém observá-la. Retirou um dos fones e parou o movimento de ancas que denunciava o seu jeito para aquele tipo de danças.
- Por mim podes continuar! – Tom estava encostado a um dos postes falsos que o TourBus possuía. Quando entrara no grande autocarro ia completamente distraído mas rapidamente se concentrou naquele gingar de ancas que a rapariga possuía. Não podia negar que agora, queria muito mais o corpo dela e o seu conteúdo, não podia negar que estava doido para sentir Melanie oscilar daquela maneira sobre a sua cintura fechados num qualquer quarto.
- O Andreas? – perguntou nem ligando àquilo que Tom dissera, ou até mesmo pensara.
- Já acordou e estava bem disposto. – disse sentando-se num dos sofás individuais.
- E quanto à notícia da morte da namorada? – perguntou enquanto desligava o aparelho que mantinha no bolso dos calções, e se dirigia ao frigorífico em busca de uma garrafa de água. Sentou-se ao lado de Tom e bebendo um pouco do conteúdo gelado esperou pela resposta dele.
- Mal, claro. – encolheu os ombros, contando-lhe que Andreas tinha visto a namorada morrer-lhe nos braços. – Não me imagino numa situação dessas. – desabafou.
- Como assim? – Melanie encostou-se no seu sofá e cruzando as pernas à chinês mirou Tom.
- Lidar com a morte da namorada. – disse. Com um gesto pediu a Melanie a garrafa de água e bebeu ele um gole voltando a passar-lha, piscando-lhe o olho em agradecimento.
- Claro, mas isso é normal! – ele olhou-a intrigado. – Tu nunca terás namorada! – riu-se.
- Claro que não! – riu – A não ser que tu admitas que me amas muito e aí eu abro uma excepção! – fez cara séria, já Mel desmanchou-se a rir. Tom observou-a, lá estava aquela gargalhada extremamente sentida que o corpo dela produzia e que tentava tanto o seu. – Qual é a graça?
- Porque raio é que eu te havia de amar muito?
– perguntou cessando a gargalhada limpando uma lágrima que se formara e olhando Tom.
- Já me beijaste, já dormiste comigo… - fez-lhe um olhar perverso.
- Oh sim! – ela disse – E por isso eu amo-te tanto Tom, mas tanto, nem imaginas já sonho contigo e tudo! – ironizou.
- E sonhas!
- Tu também sonhas comigo!
– apontou imediatamente. – E não me amas e disso tenho certezas!
- Porquê? Não posso amar as pessoas é?
- Podes, mas não a mim, nem a nenhuma outra rapariga, oh Sex-Gott!
– gozou-o.
- Ah tu sabes disso! – sorriu-lhe atrevidamente – Não queres experimentar? – sugeriu.
- Tu é que me queres experimentar! – saiu-lhe. Ok não era suposto, mas reparava muito bem na maneira em como Tom observava o seu corpo e se babava.
- Não vou dizer que é mentira… - atirou a cabeça para trás e, no seu inconsciente, as imagens daquele sonho com Melanie imediatamente surgiram. Não se conseguia controlar, e depois daquele beijo… ela beijava de uma maneira diferente daquilo a que estava habituado. Podia sentir que Melanie não lhe dera um mero beijo por impulso, foi algo mais, ela beijava, sem exageros, numa melodia perfeita entre alma, lábios e coração. - … até já sonho com isso. – pensou em voz alta, mas imediatamente se arrependeu ao sentir Melanie desatar mais uma vez a rir levantando-se do sofá olhando-o.
- O quê?! – perguntou por entre gargalhadas. – Tu já sonhaste connosco a…? – fez gestos de maneira a que Tom percebesse.
- Já. – admitiu corando.
- Que tosco. – sentou-se novamente. – E foi bom ao menos? – perguntou olhando-o. Tom enterrou-se mais ainda no sofá.
- Sim. – respondeu timidamente.
- Que tímido meu. O rapaz com tanto sexo com essa timidez toda? – sorriu-lhe e Tom descontraiu, ela conseguia fazê-lo oscilar entre diversos sentimentos.
- Oh. – encolheu os ombros. – Tu acabas por ser minha amiga, é normal que sonhar contigo desta maneira me troque um bocado as voltas. – olhou-a.
- Consideras-me tua amiga, Tom? – perguntou mais curiosa que outra coisa. Ela também adorava ter a amizade dele, depois de ver Tom tão em baixo conseguia ver perfeitamente que aquele machão e pessoa demasiado forte, era na realidade uma pessoa tímida, com sentimentos puros e bastante sensível.
- Sim, vou-te ser sincero… - disse-lhe e tal como ele Melanie adquiriu uma postura séria. - … depois de me teres apoiado tanto com o Andreas, percebi realmente que és mais que um corpo percebes? – tentou exprimir-se também com gestos como habitualmente fazia. Ela acenou-lhe afirmativamente – Não nego que desejo uma noite contigo… - sorriu-lhe e ela riu-se - … mas o estatuto de amiga é com certeza teu!
- Digo-te o mesmo. – suspirou.
- Quê também queres uma noite comigo? Eu sabiaaaaa! – riu-se.
- Não é isso. – riu – A cena do Andreas fez-me ver quem realmente és. – explicou – E não nego que gosto muito de ti como grande amigo. – sorriu-lhe e Tom aproximou-se dela. Desta vez era o seu corpo que num impulso propositado desejava saborear os seus lábios, era desta vez ele que queria voltar a sentir a língua de Melanie invadir a sua boca e desejar por mais. Ela deixou-o avançar, podia gostar dele como amigo mas algo em si tivera despertado aquando daquele beijo, e como tal deixou que as borboletas adormecidas do seu estômago voltassem a voar ao sentir Tom beijá-la daquela maneira tão própria que ele tinha.
- Que sonho é que estavas a ter comigo? – perguntou curioso, quebrando o beijo. Ela sorriu.
- Algo sem jeito nenhum. O mundo parecia estar voltado ao contrário, e via-te a ti, a passear pelo tecto do TourBus! Olha sinceramente, algo muito estúpido! – riu-se e Tom acompanhou-a. “Afinal o sonho dela era realmente pouco significante.” Pensou.

(…)

- Mel! – chamou David do palco. – Que estás a fazer? – perguntou parvo a olhar a rapariga que nas suas roupas pouco justas dava mortais e fazia pontes com a maior facilidade do mundo!
- A dançar. – parou e encolheu os ombros olhando o tio – Porquê?
- Partes-te toda, credo!
– riu-se.
- Eu sou muito elástica não te preocupes! – disse rindo. Tom e Bill apareceram também no palco seguidos de Gustav e Georg.
- Tudo pronto? – perguntou Bill.
- Sim, - David virou-se para eles – comecem o sound check! – disse.

Melanie continuou na sua, misturando todos os elementos acrobáticos que conhecia sincronizando com a música que fluía nos seus ouvidos, fruto dos fones.
- Ela mata-se! – Georg comentou com Tom que se encontrava ao seu lado, pouco surpreendido. Daquela miúda já esperava tudo.
- Ainda não a viste a mexer as ancas! – atirou.
- Eh lá! Tu já viste? – perguntou dando-lhe uma cotovelada amigável.
- Oh, ela estava a dançar quando eu cheguei ao Bus num destes dias. – disse.
- Conta-me histórias!
- É verdade, puto! Nunca tive nada com ela além de beijos.
- Uhh, já levas um avanço, mas vê lá a miúda não se fica!
– disse – Já deu para ver!
- Eu sei e é isso que me faz pior!
- Ou melhor!

- Vocês os dois!
– era Gustav. – Vai demorar muito?
- É para já!
– responderam em coro.

*

Melanie acordara com um berro fora do normal, mas tal como o berro, nunca tivera sonhado com aquela cena: a primeira vez que o pai a violara.

Estava num quarto de Hotel gigante para aquilo a que estava habituada, precisava de se proteger e então encolheu-se em si mesma.
No entanto, levantou-se da cama na sua t-shirt larga e dirigiu-se à casa de banho. Chorava compulsivamente sem saber como parar e sem coragem para se voltar a deitar. Sabia que não iria adormecer e que esta imagem, agora recente, não a iria abandonar. Lembrou-se de que Tom poderia ajudar, afinal fora apenas com ele que conseguira adormecer depois de um pesadelo, e o facto é que precisava mesmo de descansar e não conseguia.
Dirigiu-se ao fundo do corredor e ganhou coragem antes de bater na porta, aquilo parecia-lhe ridículo.

Tom sentiu pancadas na porta e de aspecto zombie levantou-se. Julgava ser Bill, mas àquela hora? Saiu da cama e, apenas nos seus boxers, dirigiu-se à porta destrancando-a e abrindo-a.
- Melanie? – perguntou coçando um olho tentando focar e eliminar a espécie de nevoeiro que os seus olhos viam. Ela gemeu, pois mais nada conseguia verbalizar. – Estás a chorar? Entra. – apressou-se a puxá-la para dentro do quarto e a voltar a trancar a porta. Sentou-se na cama com ela ao seu lado. – Que se passa, Mel? – perguntou carinhosamente. Ela abraçou-se a ele a chorar de maneira horrível, coisa a que Tom até se arrepiou. Ele abraçou-a com força tentando transmitir-lhe conforto e confiança e só a largou quando ela se quis desamarrar dele. – Outro pesadelo?
- Foi horrível… voltar a sentir aquilo…
- limpou as lágrimas. – Desculpa. – pediu num soluço.
- Porquê? – perguntou.
- Vim incomodar-te. – levantou-se tendo intenções de sair do quarto e voltar ao seu, que parecia engoli-la viva em imagens passadas.
- Não! – exclamou puxando-a novamente para si. – Não vieste. Se precisas de mim, eu estou aqui. – disse seriamente dando-lhe uma festa na cara à qual Melanie fechou os olhos.
- Obrigada. – abraçou-o novamente e Tom retribuiu.
- Queres contar-me o sonho? – ela acenou negativamente – Então vamos dormir. – murmurou deitando-se por baixo dos lençóis e deitando Melanie no seu peito, ela colocou um braço à volta da sua cintura fina e Tom um braço à volta dos seus ombros. Deu-lhe um beijo na cabeça e só adormeceu quando sentiu, sobre o seu peito, a respiração pausada e ritmada de Melanie.

2 comentários:

  1. adorei, :$
    a forma como ele a deseja mas ao mesmo tempo consegue ser querido e ajudá-la como amigo é linda.

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  2. afinal o Tommy aqui também ajuda a ultrapassar sonhos menos bons :p
    ahahah xD tu és a Mel, pronto xD [sem a parte má da história :o só mesmo para teres o Tom xD].

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