segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

#9




Abriu e…

- Tom? Que f… - Tom não lhe deu tempo sequer de acabar a frase. Abraçou-a pela cintura e deu-se ao luxo de voltar a sentir o frio piercing de Carol roçar a sua língua.
- Por que raio me abres sempre a porta meia despida? – perguntou ao quebrar o beijo com um perverso sorriso nos lábios. Carol olhou-o ainda atordoada com o sabor dos lábios do guitarrista. Era um facto que Tom devia ser o rapaz que, até hoje, tinha o beijo mais intenso que alguma vez recebera, e a verdade é que já beijara rapazes vezes e vezes sem conta!
- Não tenho culpa que só me visi… - mais uma vez Tom interrompeu-a.
- Wow! O teu cabelo! – disse espantado.
- Gostas? – perguntou dando uma volta sobre si mesma de modo ao rapaz a puder observar melhor.
- Ya! Bem fixe! – disse-lhe beijando cuidadosamente os seus lábios. – Mas estavas a planear ir a algum lado? – perguntou Tom desconfiando que ela se estava a arranjar no momento em que tocara à campainha.
- Sim, mas já que aqui estás serás tu o meu entretenimento! – disse-lhe mordendo ao de leve o piercing de Tom agarrando-o pela cintura.
- Ias divertir-te fora era? – perguntou colocando as suas mãos sobre as mãos de Carol.
- Sim. – respondeu sem rodeios nem receios.
- E o que nós temos Carol? – perguntou.
- Eu já te disse que não temos nada, Tom! – respondeu largando-o dirigindo-se à cozinha. Tom seguiu-a.
- Mas…
- Tom! Eu não me apaixono! Quantas vezes é preciso dizer-to!?
– perguntou exaltada. Não estava nada a gostar da pressão que Tom fazia sobre ela. Podia ser sem querer mas enervava!
- Desculpa… - disse baixinho sentando-se numa das cadeiras. – Mas eu também dizia isso até tu apareceres com o teu mau feitio!
- Mas eu já me apaixonei antes e não gostei!
– respondeu abrindo o frigorífico e tirando lá de dentro uma cerveja. Abriu-a e bebeu um trago.
- Tu não gostaste foi do que te fizeram! Aposto que gostaste da sensação de estar apaixonada.
- A sensação é boa, mas o fim é trágico…
- disse.
- O fim pode não ser trágico! – Tom tirou a garrafa a Carol e bebeu ele um pouco do conteúdo.
- Os contos de fadas não existem, esfregona. – disse-lhe carinhosamente fazendo Tom esboçar um sorriso irresistível.
- Pois não, mas a vida real nem sempre é tão negra como a estás a pintar…
- Eu perdi muito. Perdi o rapaz que amava por razões que devido à paixão me estavam a passar ao lado, estava completamente cega, ele usava-me sem eu perceber. Uns dias depois perco os meus pais. Achas que isto é simples? Passou-me muitas vezes pela cabeça o suicídio, mas nunca o fiz porque não tinha coragem de deixar a Ana. Não tinha coragem de pensar apenas em mim e não nela, que é tudo para mim, tudo…
- encolheu-se. – Limitava-me a mutilar-me. - Tom puxou-a até si sentando-a no seu colo e ela escondeu a cara no seu pescoço. – Então decidi ficar imune aos sentimentos, decidi perdê-los e nunca mais os encontrar, decidi guardá-los numa caixa e enterrá-la junto ao mar, à espera que ele a levasse.
- Porquê no mar? Para não mais voltarem?
– perguntou pousando o queixo sobre os cabelos garridos de Carol.
- Porque tenho medo do mar. – disse, acrescentando que tal como tinha medo do mar tinha medo dos sentimentos, mas principalmente do amor, aquele que tinha mesmo enterrado.
- Porquê?
- Não sei, sei lá tenho medo! Também não gosto de piscinas, assustam. De água só não tenho medo da água do banho e da água para beber, de resto pareço uma autêntica criança a fugir das ondas e assim…
- disse rindo e provocando em Tom uma gargalhada.
- E não queres um dia recuperar esses sentimentos?
- Não.
– respondeu não muito confiante.
- Esse não, não me convence… tu queres não queres?
- Eu não quero sofrer ponto!
– respondeu olhando Tom.
- Eu nunca te faria sofrer… - disse passando a mão pela face de Carol.
- És um playboy Tom, com toda a certeza que me irias magoar…
- Não… posso ser playboy, posso ser convencido, posso ser muita coisa no mundo, mas também tenho sentimentos. É verdade que não os mostro, não gosto disso, mas sinto, e posso dizer-te que sinto algo por ti que em mais nenhuma rapariga encontrei. Nenhuma. Acredita quando digo que para mim és especial.
- Eu acredito Tom, mas…
- interrompeu-se. Será que valia a pena lutar contra aquilo que sentia no peito? Contara a Tom tudo aquilo que guardava dentro de si como se fosse a coisa mais valiosa do mundo, e ele compreendeu-a e quis ajudá-la! Contara-lhe do suicídio e nem a irmã sabia disso! Será que custava muito dar-se mais uma oportunidade no amor, e desta vez ser correspondida? Talvez não custasse muito, com Tom poderia valer a pena.
- Mas? – perguntou Tom observando cada traço da face de Carol. Ela era perfeita em todos os sentidos.
- Mas eu acho que posso tentar voltar a recuperar o que um dia perdi. – disse beijando Tom explorando cada canto da sua boca com calma e paciência, queria senti-lo, senti-lo de uma maneira especial. Levantou-se e sem quebrar o beijo arrastou Tom pelo corredor até ao seu quarto. Fechou a porta e encostou-se a ela com Tom colado ao seu corpo beijando o seu pescoço. Retirou-lhe o boné e o gorro e libertou-lhe as rastas do elástico. Puxou-lhe as t-shirts para cima e as calças para baixo. Passou as suas mãos ao longo dos abdominais e vincos de Tom que se perdiam no interior dos seus boxers, pedindo que os explorasse mais.
Tom sentiu-a despi-lo e imediatamente levou as mãos ao nó do robe desapertando-o. Lentamente fez a peça de roupa deslizar pelos ombros e braços de Carol. Amarrou-a pela cintura passando as mãos pelo fundo das costas da rapariga. Sentiu a tatuagem.
- És a minha borboleta… - sussurrou antes de atacar novamente os lábios de Carol e se perder neles. Carol sorriu no beijo, deixando Tom feliz e com o coração ainda mais aos pulos.

*
- Que achas que o Tom foi fazer a vossa casa? – perguntou Gustav. – Resolver as coisas com a Carol?
- Talvez. Julgo que enquanto ela não lhe disser que quer alguma coisa com ele, ele não desiste!
– disse Ana.
- Sim, tenho a certeza disso! – riu Bill.
- É estranho ver aquele gajo apaixonado… - observou Georg.
- Sim, mas tal como todos tem sentimentos. – sorriu Ana.
- Claro, mas é estranho. Toda a vida ouvi o Tom dizer que nunca ia assentar que nunca se ia apaixonar, nem nada parecido! E agora pimba, a Carol trocou-lhe as voltas! – riu no final ao recordar algumas cenas dos dois.
- Sim! – riu Bill – Mas acho que eles se vão dar bastante bem! – sorriu feliz pelo irmão.
- E eu acho que o Tom vai ser a solução de muitos problemas dela! – concordou Ana encostando a cabeça no ombro de Bill.

(…)

- Carol… - chamou Tom suavemente, fazendo pequenos círculos nos curtos cabelos de Carol, que estava deitada sobre o seu peito. Carol não respondeu. – Carol… - voltou a chamar. Carol mexeu-se emitindo um estranho som. – Tens o telemóvel a tocar… - disse passando os dedos ao longo do braço dela que estava pousado sobre a sua parte abdominal. Reparou em algo que até então ainda não reparara. Cortes. Era no braço que Carol se cortava? Era ali que se mutilava?
- Tá o quê, onde, por quem? – perguntou bem devagar e sem nexo. Tom soltou uma gargalhada e perdeu o raciocínio anterior. – Han? – ela levantou a cabeça e ouviu o telemóvel tocar. – Então aquilo está a tocar e não me dizes nada!? – refilou levantando-se da cama, vestindo uma das largas t-shirts de Tom sobre o corpo nu.
- Eu avisei tu é que tens o sono pesado! -.- - retribuiu Tom.
- Pois sim. – atendeu.

**
- Sim?
- Acordei-te?
– perguntou Ana.
- Aparentemente sim! – refilou – Mas o que é que se passa?
- Estás com o Tom?
- Sim, acho que o rapaz que está sentado na minha cama é ele, sim, mas porquê?
– Tom riu.
- Dispenso os pormenores, maninha! – riu – Mas vá ele tem o telemóvel desligado e o Bill quer falar com ele. – disse.
- Ok, então passa ao Bill que eu passo ao Tom. – disse.
- Ok, beijinhos.
- Beijinhos!
– dirigiu-se a Tom – O Bill quer falar contigo. – disse passando-lhe o telemóvel.
- Diz! – disse para o Bill que estava já do outro lado da linha. Sentiu Carol deitar-se novamente na cama, e consequentemente no seu peito, aconchegando-se a ele. Tom sorriu, estava a gostar de a ter tão próxima do seu coração.
**

- Já adormeceste outra vez? – perguntou Tom a Carol depois de desligar a chamada com Bill.
- Não, tu estavas para aí a falar como é que querias? --. – perguntou.
- Oh, vai passear! – respondeu.
- Não que estou aqui muito bem! – disse beijando o peito de Tom e voltando a pousar a cabeça, mas desta vez virada de frente para ele.
- Eu sou confortável não sou? – gozou.
- Muito! – riu fechando os olhos. – Já agora o Bill disse-te como era da Ana?
- Ele vem cá trazê-la e depois vamos visitar a nossa mãe!
– respondeu com um sorriso.
- Ah tu és menino da mamã han? – riu.
- Oh!
- Oh oh na…
- Tom interrompeu-a.
- Sim, sim faz óhóh e não me chateies! – disse.
- És tão puto Tommy! – gozou beijando os lábios do guitarrista.
- Que graça! – disse voltando a atacar os lábios de Carol.

(…)

- ESTÁS PRONTO OU NÃO? – perguntou Bill a Tom enquanto nem ele nem Carol saiam do quarto.
- Deixa-os lá! – disse Ana sentando-se no seu colo com uma perna em cada lado da sua cintura, em plena cozinha.

- Carol! – chamou Tom.
- Diz? – respondeu ela da casa de banho.
- A minha t-shirt? Vem ou não? – perguntou de mãos na cintura olhando a porta por onde ela tinha entrado minutos atrás.
- Está aqui! – disse-lhe saindo da casa de banho apenas em lingerie entregando a t-shirt a Tom.
- Finalmente! – disse olhando a rapariga de alto a baixo agarrando a t-shirt. – És mesmo boa, borboleta! – riu abraçando a cintura da rapariga e deu-se ao prazer de comprovar mais uma vez o sabor do piercing que Carol possuía na língua.
- Eu sei! – respondeu. – Mas vá o Bill já te chamou, baza! – disse-lhe.
- Quê? Não me queres aqui é? – perguntou olhando-a.
- Quero vestir-me…
- Hum, tens problemas em estar assim à minha frente?
– perguntou apontando a forma como Carolina estava vestida, um simples soutien e uma tanga.
- Não, mas… não interessa! Despacha-te!
- Despacha-te tu! Eu estou vestido!
– disse-lhe cruzando os braços olhando a rapariga.
- Chato! --, - Carol pegou num par de calças amarelas e numa t-shirt preta, colocou-lhe dois pins e calçou um par de botas tipo tropa. – Estou pronta! – informou.
- ‘Bora então! – disse entrelaçando os seus dedos nos dela.
- Menos, Tom. – disse largando-o gentilmente.
- Desculpa.
- Não faz mal, mas vai com calma…
- sorriu-lhe e beijou-o carinhosamente. Carolina não tinha recuperado os gestos carinhosos e todas as demonstrações de afecto. É certo que a paixão já a assolava depois da noite que passara nos braços de Tom, mas mesmo assim iria ser um longo caminho até voltar a sentir tudo de novo. Até poder dizer a Tom que queria que ele a agarrasse e beijasse em qualquer sítio, até poder dizer-lhe que realmente gostava dele e que queria algo com ele. Por enquanto Carolina aprofundava os sentimentos que tinha escondidos no seu interior.

- Bom dia minha gente! – cumprimentou Carol ao chegar à cozinha. – Interrompemos? – perguntou em tom de gozo ao ver Ana e Bill bastante entretidos com os lábios do outro.
- Bom di… - Ana interrompeu-se a si mesma ao olhar a irmã – Que mudança, miúda! – disse levantando-se do colo do Bill e posicionando-se à frente de Carol para ver melhor.
- Brutal! – disse Bill olhando-a.
- Está lindo não está?! – perguntou Carol feliz.
- Está! – responderam os dois ao mesmo tempo.
- Então vamos Tom? – perguntou Bill – Ah vocês também vêm certo? – perguntou às raparigas.
- Han? – perguntaram em uníssono.
- Que é que vamos fazer a casa dos vossos pais? – perguntou Carol.
- Conhecê-los! – disse Bill com um sorriso. Carol olhou Tom.
- Não queres ir não vais, não te vou obrigar a nada! – disse descansando a rapariga agarrando-a pela cintura e puxando-a contra o seu peito. Carol suspirou rodeando o pescoço de Tom com os seus braços. Seria pedir muito para não ir? Era estranho conhecer Tom há tão pouco tempo e já ir conhecer os seus pais, nem sequer tendo nada completamente assumido com ele. Mas será que para Tom era importante?
- É importante para ti eu ir? – perguntou baixinho contra o pescoço do rapaz, alto mais vinte centímetros que ela.
- É. – disse no mesmo tom de voz – Mas se tu não quiseres ir, eu respeito-te na decisão… - beijou-lhe a testa.
Carol respirou fundo antes de responder a Tom. – Eu vou. – disse fechando os olhos. Tom subiu as mãos da sua cintura até à sua face agarrando-a com ambas as mãos.
- Mesmo? – perguntou com um sorriso, estava visivelmente feliz.
- Mesmo. – respondeu abraçando a cintura do rapaz e beijando ao de leve os seus lábios.

- Então? – perguntou Bill. – Vens, amor?
- Sim! – respondeu Ana feliz.
- Vamos embora! – disse Tom.
- Conduzes tu? – perguntou Bill.
- Sim. – respondeu.
- Então a mexer! – disse Bill levando o resto do pessoal atrás de si.

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