sábado, 20 de fevereiro de 2010

#29



- Isto está secante! – queixou-se Carolina sentada no sofá da sua sala com Tom ao seu lado enquanto viam um filme.
- O filme é giro. – disse ele muito interessado na televisão.
- Tá então fica a ver. – disse-lhe saindo da sala. Pegou no maço de tabaco e dirigiu-se à varanda. Sentou-se no chão e acendeu um cigarro. Estava confusa e farta. Há uma semana que não saía de casa e estava a rebentar! Sempre se tinha habituado a sair constantemente de casa e ir a festas e outras coisas que mexessem consigo, mas tinha medo de o fazer. Tinha medo de se voltar a embebedar e voltar a trair Tom, e era a coisa que no mundo mais queria evitar. Se doeu uma vez e doeu forte, uma segunda era o ponto de rotura, não queria sair para não cometer loucuras, mas queria sair para se divertir, no entanto não o iria fazer.
Olhou a mão ligada. Estava a aguentar-se bem, mas ainda assim havia um desejo estranho que se apoderava dela. Retirou a ligadura da mão e olhou o corte. Não estava amigável, mas não lhe fazia impressão ou lhe metia nojo, Carolina estava habituada a ver coisas muito piores. Já tinha assistido a um assassinato, mas ninguém sabia à excepção de Ana e recentemente Tom.

[Flashback]

- Credo! – era Tom que tinha acabado de ver um monstro esfaquear um humano num filme de terror. Carolina estava impávida e serena a observar a mesma cena que ele, mas não lhe fazia confusão. Geralmente os monstros nos filmes de terror faziam-na rir e as pessoas brutalmente assassinadas passavam-lhe ao lado.
- É um filme Tom. – disse com um sorriso ao ver a reacção dele.
- Sim, eu se visse algo assim dava-me um chilique! – disse ajeitando-se no sofá.
- Ai sim? Não és forte o suficiente para isso? – perguntou.
- Tu eras?
- Fui.
– respondeu inconscientemente deitando a cabeça para trás.
- Han? Foste? – sentou-se de lado no sofá tentando compreender que raio de coisa fora aquela que Carol dissera. Ela olhou-o, tinha deixado o pé entrar na argola.
- Fui. – disse mais uma vez, agora olhando-o.
- Como? Tu já assististe a uma coisa destas? – perguntou afectado.
- Sim! – aconchegou-se a Tom, odiava falar naquilo, era mais um trauma pelo qual tinha passado em adolescente, mais uma razão pela qual tentava que a dor física diminuísse a dor psicológica. Tom abraçou-a trazendo-a para o seu colo e pousando-lhe o queixo na cabeça.
- Queres contar? – perguntou.
- Queres ouvir?
- Quero.
– disse sinceramente.
- Tinha 16 anos quando me apeteceu sair de casa à desgarrada. Tinha discutido com a Ana sobre a vida que começava a levar e estava chateada. Andei por todo o lado e lado nenhum e deparei-me com um beco sem saída. Ia voltar para trás quando fui interpelada por um gajo alto, enorme e aparentemente todo sujo, um autêntico monstro gigante. – disse – Obrigou-me a sentar no chão de costas contra a parede e interrogou-me sobre o que eu ali estava a fazer. Lá lhe inventei uma desculpa e ao que pareceu ele acreditou. Passado um bocado eu perguntei o que ele me queria e a sua resposta foi simples: “Uma testemunha.” Eu fiquei parva a olhar para ele, naquele momento não sentia medo nem nada parecido, sentia adrenalina. – Tom olhou-a. Ela era assim tão corajosa como ele estava a imaginar? – Entretanto chegou um rapaz que devia ter os seus 20 e poucos anos acompanhado com um puto que devia ter 17 anos ou assim. O mais novo sentou-se ao meu lado e o outro ficou à conversa com o monstro gigante. Em cinco minutos estava de pé a observar o mais velho levar facadas do mais novo. – inspirou fundo fechando os olhos. Tom abraçou-a mais.
- Se não quiseres continuar…
- Eu continuo, não gosto de deixar as coisas a meio.
– respondeu – Contei 23 facadas antes do rapaz de 20 e tal anos cair no chão completamente ensanguentado. Eu, na minha mente, estava a ver uma representação, um ensaio de filme de terror, mas não, era real. O puto começou aos pontapés ao estômago do outro, e este foi perdendo as forças, inclusive para gemer ou cuspir sangue. O monstro ria, aqueles risos maléficos, sabes? – olhou Tom. Ele acenou afirmativamente. – O rapaz fez um corte profundo no pescoço do mais velho e seguidamente espetou-lhe a faca no coração. O outro morreu, e um instante mais tarde a polícia apareceu.
- Então mas e tu? Não tinhas nada a ver com o caso.
– disse Tom preocupado e curioso.
- Pois não, e a polícia sabia disso, sabia quem estava envolvido e o que planeavam fazer. Pelo que me disseram tentaram interceptar-me antes de atingir o beco, mas foram demasiado lentos.
- E tu ganhaste mais uma história…
- sussurrou beijando-lhe a cabeça.

[Fim flashback]

Esborrachou o cigarro no cinzeiro e voltou para dentro.
Entrou em casa em direcção ao quarto e atirou-se para cima da cama com a cabeça enterrada na almofada. Precisava de se esquecer quem era por momentos, precisava de esquecer a vida que levava e precisava, principalmente de esquecer a proposta que David Jost lhe fizera.

[Flashback]

- Carol olha o telemóvel! – era Tom que lhe berrava do quarto. Carolina dirigiu-se ao quarto e deparou-se com Tom em toalha, tinha acabado de tomar banho.
- Estás apetitoso tu! – riu-se roubando-lhe um fugaz beijo. Tom riu agarrando-a pela cintura dando-lhe outro beijo.
Atendeu o telemóvel. Era David.

**
- Sim?
- Carolina! Tenho uma coisa para te contar e acho que vais gostar
! – disse Jost do outro lado completamente doido da vida.
- Conta! – pediu entusiasmada.
- Serei teu manager se aceitares gravar um álbum para a Universal!
- O quê?!
– perguntou completamente incrédula.
- A sério…
- Estás a gozar?
– Carolina não tinha uma voz entusiasmada nem nada do género, estava até bastante incomodada com o convite.
- Não, estou a falar bastante a sério, interessada? Olha que não é para todos, eles acham-te extremamente talentosa e com grande potencial!
- Importas-te que te dê a resposta amanhã?
– perguntou colocando a mão na cintura.
- Claro que não! Eles deram-me uma semana de prazo, por isso até lá tens tempo para pensar.
- Ok, obrigada. Beijinhos.
– despediu-se.
- Beijos. – desligou.
**

- O que é que foi? – perguntou Tom apertando o cinto das calças em frente ao espelho de corpo inteiro que Carol tinha no quarto.
- A Universal pediu-me, basicamente, para gravar um álbum para eles… - disse apática.
- Isso é tão bom, Carol!!! – Tom estava feliz pelos dois. – Que foi? Não queres? – perguntou sentando-se ao lado dela na cama abraçando-a pelos ombros.
- Eu não quero que isto se torne numa bola de neve. – olhou-o. – Aceitei a proposta do Bill em abrir os concertos, tornei-me famosa, sabem que ando com o mítico Tom Kaulitz… - sim, era verdade a imprensa já tivera descoberto que Carolina e Tom andavam e a coisa não tinha sido bonita para o lado de Carolina, afinal fora bombardeada com perguntas sobre Tom que não faziam o mínimo sentido de ser perguntadas, já para não falar que tinha mentido quando falou sobre a namorada de Tom naquela entrevista. - … e agora gravo um álbum e começo competição? É demais para mim… - suspirou aconchegando-se no abraço de Tom.
- Sabes que mais… - começou - … não te vou dar nenhum tipo de conselho, também nunca gostei que mos dessem, por isso vai pelo teu coração. Ele quer? – perguntou abraçando-a mais beijando-lhe suavemente os lábios.
- Não sei. – respondeu confusa.

[Fim flashback]

Tinham passado três dias depois da chamada de David e ela não se conseguia decidir. Devia ou não devia dar a conhecer ao mundo aquilo que amava fazer? Visto por este ponto de vista sim, até gostava mas o que era feito do seu pequeno mundo tatuado? Iria ser absolutamente difícil continuar a trabalhar na loja, já para não falar na sua relação com Tom. O que é que ia acontecer quando ambos tivessem Tours? Iam ficar separados, e isso era uma coisa com a qual Carol não conseguia lidar. Tinha voltado a recuperar o poder de sentir, e tinha-se entregue de corpo e alma a Tom, não fazia sentido na sua cabeça separar-se dele por… trabalho. No entanto tinha uma ideia. Tinha que falar com Tom e discutir o que tinha em mente.
Voltou à sala.
- Podemos falar? – perguntou sentando-se ao lado dele dando-lhe um beijo no ombro por cima da t-shirt.
- Claro! – disse-lhe desligando-se do filme e voltando-se para ela.
- Em relação ao álbum…
- Já sabes?
- Tenho uma ideia e preciso da tua opinião
. – inspirou fundo – Acima de tudo não me quero separar de ti, nem da Ana, e se tivéssemos Tours era difícil…
- Podias fazer Tours connosco
. – disse-lhe simplesmente beijando os seus lábios.
- Man, tu lês-me a mente! – riu-se, Tom acompanhou-a – Era isso que estava a pensar, tipo ser “a pessoa oficial”… – fez aspas com os dedos - … que abria os vossos concertos! Aí eu não me importava de lançar um álbum e ia estar sempre com vocês! – a ideia que tivera tido tinha feito com que o seu sangue voltasse a correr nas suas veias, e o seu mau humor já houvera passado. Como caranguejo que era, era altamente temperamental e tinha mudanças de humor de um minuto para o outro, e isso notava-se perfeitamente.
- Sabes o que eu acho? – perguntou retoricamente – Perfeito!! – abraçou-se a ela e fez com que ambos se deitassem no sofá.
- Tenho que ligar ao David e dizer-lhe! – beijou Tom.
- Mexe-te! – disse passando-lhe o telemóvel para as mãos e sentando-se ao lado dela.
Carol procurou o número e esperou que David atendesse.

**
- Estou? – perguntou David do outro lado.
- Tenho resposta para ti, aliás é uma resposta sim, mas tem antes uma pergunta… - disse a medo.
- Desembucha! – riu-se.
- Eu gravo o álbum se der para ir em Tour com os Tokio Hotel! – despachou.
- Como assim? – perguntou confuso.
- Abrir sempre os concertos deles…
- Não queres largar o Tom está visto!
– riu.
- Sim. – disse timidamente.
- Por mim dá, mas eu não decido isso sozinho, Carol há uma equipa de dezenas de pessoas a trabalhar comigo.
- Mas e há probabilidades de dar?
- Eu vou fazer força para isso então, um talento como tu não deve ser desperdiçado!
– argumentou.
- Ok, obrigada então. Quando souberes de algo avisa, sim?
- Sim, miúda. Porta-te!
- Beijinhos.
– e desligou.
**

- E? – perguntou Tom curioso.
- E não sei. – respondeu. Tom olhou-a. – O David vai falar com o pessoal e ver no que dá, se der para ir em Tour gravo se não, não gravo!
- Miúda decidida!
– riu beijando os lábios de Carolina. Amava-a por estas pequenas coisas, estas pequenas grandes decisões que ela tomava ponderando o assunto e jogando com a sua personalidade. Ela era autêntica e genuína em tudo e isso fascinava-o. Era ela e era sua.
- Hum, pois sou… - começou sensualmente sentando-se no colo de Tom e levando as mãos ao cinto das calças dele desapertou-o - … muito decidida até. – riu provocando os lábios de Tom com os seus enquanto subia as suas mãos pelo tronco dele deixando-o desprovido de t-shirts.
- Eu gosto quando tu és decidida… - sussurrou ao seu ouvido sentindo-a arrepiada nas suas mãos que rodeavam a cintura dela começando a subir pelas costas, removendo-lhe a camisola. Carol brutalmente se levantou e o puxou pelo cinto, fazendo com que Tom embatesse nela. – E bruta também! – acrescentou rindo-se e agarrando-a pelas costas evitando que caíssem sobre a mesa que estava atrás deles.
- Gostas que eu seja bruta, Tommy? – perguntou de olhar sedutor e inocente.
- Gosto. – disse com toda a confiança provocando-a ao fazer um olhar de desafio. Adorava o lado erótico de Carolina, conseguia excitá-lo com uma só palavra, um só toque ou um simples movimento.
- De certeza? – removeu-lhe o cinto e Tom sentiu o tecido raspar algumas zonas da sua pele da cintura. Carol deixou o cinto fazer barulho ao aterrar com a fivela no chão. Encostou-o à parede do corredor e rodeou a cintura de Tom com ambas as mãos.
- Absoluta. – respondeu agarrando-a pelo pescoço e levando os seus lábios aos dela beijou-os carinhosa mas selvaticamente, já que Carol queria ser bruta, ele à sua maneira também o conseguia.
Carolina subiu as unhas pelo tronco de Tom até ao seu pescoço e assistiu ao seu revirar de olhos. Sim, estava a ser bem sucedida, queria dar o máximo prazer que conseguia a Tom e pelos vistos estava a conseguir.
Tom pousou as mãos no botão e fecho dos curtos calções que Carolina trazia vestidos e fê-los deslizar até ao chão, retirando-lhos com gosto, carinho e paixão. Voltou a cima e voltou aos lábios de Carol que estavam a provocar o seu pescoço de maneira demasiado … provocante.
Carol empurrara Tom até ao quarto e consequentemente até à sua cama, mas antes de se poder colocar sobre Tom já ele a houvera puxado para baixo de si. Beijava-lhe o pescoço quando Tom…
- Espera, espera, espera… - pediu ofegante sentindo algo no bolso das largas calças vibrar, retirou-o e leu Bill no visor. - … grande sentido de oportunidade! – refilou.
- Não vais atender pois não? – perguntou Carol voltando à carga de beijos ao seu pescoço também ela um pouco ofegante.
- Pode ser importante. – sorriu-lhe arfando enquanto lhe beijava os lábios, no entanto não saiu de cima dela.

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