quinta-feira, 10 de junho de 2010
#20
- Ok. – encolheram os ombros e saíram em direcção à bomba de gasolina.
- Os outros dois? – perguntou Melanie. Tinha os olhos um pouco vermelhos e inchados denunciando o choro compulsivo em que esteve.
- Foram chamar os G’s.
- Vais contar-lhes?
- Acho o mais apropriado, não? – perguntou.
- Sim. – sentou-se enquanto via David de volta de frigideiras e armários, provavelmente seria ele a fazer o jantar. – Acho sim. – sorriu para as próprias mãos com que brincava na t-shirt. – Agora tenho um pai a sério. – David olhou-a.
- Desculpa ter sido assim a choque, mas eu próprio fiquei chocado com a notícia…
- Sabes o mais estranho? – David olhou-a. – Eu sonhei com algo bastante esquisito… sonhei com os teus olhos, os meus olhos a comparação aos olhos da minha mãe e do… do outro! Foi tão estranho! Eu não sonho com nada sem ter um propósito, e afinal este também teve… descobrir que eras tu o meu pai. – Melanie proferiu a última palavra e gargalhadas foram ouvidas. Os rapazes vinham em direcção a eles.
- David, és tu a cozinhar?! – perguntou Georg com uma cara de horror.
- Sim, porquê? Tens algum problema com isso? Até parece que alguma vez morreste com a minha comida! – gozou-o.
- Morri uma vez, ya?! – disse muito convencido.
- Mas entretanto ressuscitaste, não foi Ge? – Gustav pousou-lhe uma mão nas costas.
- Sim! Se não não estava aqui, não acham? – todos riram sentando-se à volta e Melanie, que estava sentada à mesa.
- Claro que achamos! Eu ainda não falo com mortos! – disse Tom.
- Exacto! Nem eu. – concordou Bill puxando de uma revista que estava por ali pousada.
- Somos três. – disse David. – Com queijo ou pão ralado? – perguntou aos rapazes e a Melanie mostrando-lhes a taça com massa cozinhada.
- Isso cheira bem. – disse Melanie.
- Realmente, oh David andaste a aprender umas coisinhas comigo, não? – disse Tom.
- Foi sim, puto, mas agora querem que ponha o quê? Isto ou isto? – mostrou as respectivas embalagens.
- Aquilo! – apontaram os cinco para a embalagem de queijo ralado.
Tom observou Melanie e reparou que estivera a chorar. Aqueles olhos não o enganavam, ela esteve a chorar e bem! Será que David a tinha repreendido por aquilo que tinha visto entre eles os dois quando entrou no autocarro?
- Mel… - chamou baixinho de modo a que apenas ela o ouvisse.
- Sim? – ela perguntou no mesmo tom.
- Que te aconteceu? – perguntou passando um dedo pelos contornos da sua face.
- Já vais saber. – ela suspirou e depositou-lhe um rechonchudo beijo na bochecha, fazendo Tom sorrir vagamente.
(…)
- Temos uma coisa a informar… - começou David apontado Melanie.
- O quê? – perguntou Tom curioso.
- Tu não mudas! – riu-se David, sabia que Tom era sempre o primeiro a perguntar qual a novidade.
- Oh! – cruzou os braços e olhou-o. – Diz lá.
- A Melanie… - interrompeu-se, não seria uma notícia um bocado chocante? - … é minha filha! – despachou rapidamente.
- Han? – Tom e Bill pronunciaram-se em espanto ao mesmo tempo, já Gustav e Georg nem palavras tiveram.
- Sim, ao que parece é verdade. Segundo uma carta da minha mãe. Ela afirma que eu sou filha do David e não… do meu “pai”. – explicou Melanie fazendo aspas com os dedos.
- A sério? – perguntou Gustav. – Então espera… isso quer dizer que vais vir em Tour sempre connosco! – pensou por alto com um sorriso, gostava daquela rapariga, o seu espírito de aventura e o facto de ser desenrascada e ter sempre resposta para tudo fascinava-o.
- Se ela quiser vir… - David olhou-a.
- Sim, mas… não vamos fazer planos a longo prazo, ok? Nunca se sabe o que acontece pelo meio. – avisou.
- Não irá acontecer nada. – Tom passou um braço sobre os ombros dela e puxou-a até si, dando-lhe um beijo na bochecha. – Prometo-te. – sussurrou ao seu ouvido. Melanie abriu um sorriso. Teria escolhido melhor pessoa para primeiro amor? Provavelmente não.
- Mas e então como é que vai ser com o pai dela? Ele sabe? – inquiriu Bill com um olhar sério mirando David.
- Ele não sabe, mas terá que saber e a Melanie vai ficar comigo. – informou.
- E como é que ele reagirá?
- Não sei, e sinceramente nem me interessa, depois de toda a merda que já fez nem sei o que é que ainda faz neste mundo! – apertou o guardanapo, com força, nas mãos.
- Calma. – Melanie sussurrou.
- Eu estou calmo… pelo menos agora.
(…)
Estava deitada na cama sem conseguir pregar olho. Já se tinha voltado na cama, sem exagero, umas 50 vezes mas mesmo assim não conseguira encontrar uma posição confortável para adormecer. A sua cabeça estava ocupada de todas aquelas revelações. O facto de David ser seu pai, e isso poder ser confirmado legalmente deixava-a nervosa. Se tudo corresse pelo melhor ela iria viver com David para a Alemanha e, provavelmente, acompanharia os Tokio Hotel para onde quer que eles fossem. Por um lado isso tranquilizava-a, afinal estaria com Tom e os rapazes que sempre a divertiam, mas mesmo assim isso implicaria ficar afastada de vez de Joe, e esse era o outro problema ao qual nunca se habituaria.
Decidiu ligar-lhe. Sabia que eram altas horas da manhã, tanto ali como em Portugal mas valia sempre a pena tentar.
**
- Sim? – uma voz ensonada respondeu do outro lado.
- Joey, desculpa acordar-te, mas eu tenho uma notícia bomba para te contar, e além do mais não consigo dormir.
- Ai, podias ir ter com o Tom não?
- O teu mau humor por te acordarem nunca vai mudar, pois não? – riu-se levemente.
- Desculpa. – ele sentou-se na cama. – Que se passa?
- O David não é meu tio… - disse.
- Então? – perguntou Joe – Porquê?!
- … é meu pai. – atirou.
- O QUÊ?! – uma voz de espanto e choque saíram da boca do rapaz de rastas que, dormia apenas em boxers, se houvera agora levantado da cama.
- É, parece que é verdade.
- Mas… como?
- Ora, pelo que sei ele envolveu-se com a minha mãe… eu li isso escrito pela letra dela, Joe deve ser verdade, não?
- Pois deve ser. – sentou-se na cama. – Mas isso quer dizer, que resolves tudo por aí e o teu pai… - interrompeu-se - … ou melhor o teu tio, não pode mais implicar contigo nem querer-te ver ou assim, certo?
- Não sei. Tenho medo que ele expluda demasiado quando souber.
- Mel… - chamou.
- Sim, amor? – respondeu carinhosamente, pôde sentir pela voz dele que qualquer coisa lhe estava a fazer confusão, e tinha uma pequena ideia do que era.
- Nunca mais te vou ver, vais ficar por aí com ele… - “Bingo!” pensou Melanie.
- Não sei, eu quero estar sempre contigo, mas…
- Os meus pais disseram-me ontem que dentro de uma semana vamos para a Inglaterra outra vez. – Melanie suspirou de alívio.
- Isso é bom! Assim o Peter já não te pode fazer nada!
- Achas que ele ia fazer de alguma maneira?
- Não sei, era bem capaz disso! – avisou.
- Não quero saber. – suspirou.
- Não vamos pensar mais nisto pode ser? – pediu. – Vamos continuar a falar, e a ser os melhores amigos, por isso…
- Sim, mas… - Mel interrompeu-o.
- Não vamos pôr mas no caminho, ok?
- Ok. – um sorriso abriu-se na sua face. – Como estão as coisas com o Tom, miúda? – perguntou mudando de assunto.
- Ele diz que gosta muito de mim… e que sou tipo sei lá, especial ou uma coisa assim. – disse. Ele riu-se.
- Isso é bom! Pode ser que ele te queira como namorada… - gozou ao lembrar-se de Melanie o ter aconselhado a namorar com Mariana, a sua pseudo-qualquer-coisa.
- Oh. – encolheu os ombros. – Eu não faço ideia daquilo que pode acontecer daqui para a frente.
- Porque não experimentas ir até ao quarto dele e conversarem? – riu.
- Não sejas parvo, além disso são 4 da manhã ele já deve estar a dormir!
- Então vai beber um copo de água e volta para a cama! – disse-lhe.
- Acho que é mesmo isso que vou fazer! – riu-se.
- Então vai e agora deixa-me dormir! – riu com ela.
- Ok, desculpa lá qualquer coisinha. – despediram-se e desligaram.
**
Melanie levantou-se da cama, nas suas cuecas e t-shirt mais justa que o costume, e dirigiu-se à cozinha. Ia seguir o conselho de Joe e iria beber água, ver se refrescava e voltar para o seu vale de lençóis onde, esperava já conseguir dormir. Abriu a porta do frigorífico e retirou uma das garrafas de água de 33 cl que existiam. Ligou a televisão e sentou-se naquilo a que chamavam sofá. Ao que lhe parecia estava a dar um filme de terror e como grande adepta desse tipo de filmes que era, deixou-se ficar a ver.
- Que seca. – sussurrou para ela mesma. “Se isto é um filme de terror eu tenho 100 anos e vivo em Marte à 10.” Pensou ironicamente. Descansou a cabeça para trás e deixou-se dormir, ou pelo menos passar pelas brasas.
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