Tom estava sentado num dos compartimentos do TourBus agarrado à guitarra, enquanto Bill, olhando um papel rabiscado, cantarolava.
- Falta aí qualquer coisa… - disse Tom parando de tocar.
- O quê? – perguntou Bill olhando a folha.
- Canta outra vez. – pediu. Ele começou de novo a melodia e Bill voltou a cantar. – Isto! – fez o irmão parar e tirou-lhe a folha. Emendou uma única palavra e obrigou Bill a cantar novamente. – Agora sim! – sorriu vitoriosamente.
Melanie entrou no compartimento, arrastando o corpo e coçando os olhos, tinha acabado de se levantar.
- Bom dia. – disse sentando-se ao lado de Tom.
- Boa tarde. – respondeu ele com um sorriso beijando-lhe a bochecha.
- Que horas são? – olhou Bill.
- 14.
- Já?! – disse admirada.
- Não tens dormido nada de noite, Mel. É normal que depois durmas mais sobre a manhã. – disse Tom.
- Oh. – encolheu os ombros e levantou-se, procurando por uma taça de cereais com leite. O seu estômago parecia não estar preparado para aguentar fosse que comida fosse, mas tinha que comer. Todo o seu organismo estava em stress. Cada vez que inspirava parecia que um novo problema ou uma nova preocupação surgia. Estava a um dia de Portugal, aliás neste momento, estavam na estrada para o seu país de origem, daí o seu estado menos normal.
Suspirou e sentou-se novamente, comendo os cereais. Tom continuou a tocar e Bill deslocou-se ao pseudo-quarto, alegando ir buscar mais rabiscos de letras.
- Não me importava de saber tocar guitarra… - disse Melanie olhando a maneira como Tom se entregava àquele objecto. Ele vivia para a música, vivia para aquele instrumento precioso. Percebia perfeitamente o porquê de toda a gente dizer que ele era um às naquilo que fazia, percebia-o porque via com os seus próprios olhos o amor que punha nas cordas ao dedilhá-las, via que o talento que ele tinha era raro e precioso. Admirava-o por isso, ela era uma naba autêntica com uma guitarra nas mãos.
- Eu posso-te ensinar umas coisas… - disse olhando-a.
- Pff, eu nem com 30 anos de prática lá vou. – gozou.
- Duvido! – sorriu-lhe. – Pega. – deu-lhe a guitarra para as mãos.
- Tom, eu não atino com isto. – ele riu-se.
- Anda cá. – deixou que Melanie se sentasse entre as suas pernas e posicionou a guitarra sobre o colo dela. – Põe a mão aqui… e aqui. – disse ajeitando-lhe as mãos nas cordas e fazendo um acorde. Segurou as mãos dela com as dele e dedilhou um dos acordes mais fáceis que se lembrava.
- Vê-se mesmo que não sou eu a tocar. – riu-se.
- És tu que estás a tocar!
- Com as tuas mãos! – ripostou. Tom riu e voltou a ajudá-la a perfazer um novo som.
- Vê lá se consegues sozinha. – disse-lhe. Mel tentou mas acertou nas notas ao lado.
- Não era assim, pois não? – perguntou parecendo-lhe que aquilo tinha soado mal.
- Não. – riu – Experimenta assim. – voltou a posicionar as mãos dela com as suas. Trinou uns quantos acordes com as mãos dela e mais tarde largou-lhas, dizendo para que repetisse o movimento.
- Wow! Saiu bem! – riu-se de si mesma. Tom beijou-lhe o pescoço.
- Tu tens jeito para tudo. – sorriu-lhe e ela virou-se, beijando-lhe os lábios.
Bill entrou e viu Melanie de guitarra nos braços.
- Também tocas? – perguntou.
- Não, estava a tentar, só isso. – sorriu-lhe.
- Ah ok. – riu-se. – Pensei que sabias.
- Nop, mas agora continuem, eu não interrompo mais. – sorriu-lhes e, quando ia a voltar para o quarto para vestir qualquer coisa, o motorista do grande autocarro chegou-se a eles.
- Chegámos a Lisboa! – limitou-se a informar com um sorriso. – Se se quiserem instalar no Hotel, já podem.
O coração de Melanie parou e a sua respiração ficou suspensa no ar. Todo o sangue que circulava livremente pelo seu corpo concentrou-se nos seus pés e Melanie estava totalmente branca. Descaiu o queixo num misto de preocupação, espanto e infelicidade. Não podia crer que estava a muitíssimo pouco tempo de voltar a ver aquela pessoa que toda a vida odiou.
- Mel? – Tom agarrou-a pelos ombros ao ver o estado dela. – Melanie! – chamou segunda vez ao ver que ela não reagia. – Melanie!!! – chamou três e quatro vezes e, só ao quinto abanão é que os olhos dela se descolaram da parede e olharam Tom nos olhos.
- … hoje… - balbuciou.
- Calma. – sussurrou abraçando a rapariga, encostando a sua cabeça ao peito dele. Podia notar o pânico que se começava a formar nela só de ouvir a palavra Lisboa. Se quando soube que as coisas não estavam a correr da melhor maneira, ela ia tendo um ataque, agora, que chegou ao ponto de ruptura onde tudo se, esperava ele, resolveria Melanie provavelmente teria um colapso nervoso. – Eu estou aqui, não vai acontecer nada… eu vou contigo até ele se quiseres. – Melanie olhou-o, largando-o.
- Não! – disse de imediato – Não te vais meter nisto, eu não sei do que ele é capaz de fazer se alguém for comigo para me defender! – disse de imediato.
Bill observava a cena. Não imaginava, de todo, o seu ser passar por aquilo que Melanie passava e, é certo, que também não se imaginava a sentir aquilo que Tom no momento sentia. Bill era capaz de sentir o desespero de Tom perante aquela situação, perante aquele problema que, agora, lhe queimava nas mãos. Não conseguia perceber como é que Melanie conseguia ser tão forte a este ponto e como Tom conseguia resolver tudo com um simples abraço e um beijo. Talvez até percebesse, ou não fosse ele Bill Kaulitz que toda a vida dissera que o amor cura tudo e está acima de todas as leis do Universo, talvez agora, Bill, estivesse a ver com os próprios olhos o que aquilo que sempre sonhou poderia realmente fazer. Estava de qualquer das maneiras feliz por Tom, por ele ter encontrado Melanie e por, até certo ponto, ela o ajudar e vice-versa.
Ou estava redondamente enganado ou eles tinham sido feitos um para o outro.
Suspirou e saiu do compartimento deixando o casal resolver o, talvez, assunto pendente.
- Não, Melanie eu vou contigo! – disse-lhe agarrando-a pela nuca.
- Não, Tom! – as lágrimas começavam agora a formar-se. – Eu tenho tanto medo daquilo que ele possa fazer… - perdeu as forças nas pernas e deixou que Tom a agarrasse e que, com ela no colo, se sentasse no sofá. - … já não estou habituada às viol… - Tom interrompeu-a.
- Mel… - olhou-a - … eu não vou deixar que isso volte a acontecer, percebes? Não vou. Ele que passe por cima de mim primeiro, porque não te vai tocar com um dedo que seja! – disse confiante. Ela abraçou-se ao pescoço dele a chorar compulsivamente.
- Mas ele faz-te mal… - disse de forma mais infantil do que esperara.
- Eu não quero saber o que ele me vai fazer, eu quero saber é que ele não te faz nada a ti. – sublinhou.
- Que era de mim sem ti? – perguntou chorosa contra o seu pescoço.
Tom não respondeu e beijou-lhe o cimo da cabeça.
- Recompõe-te e vamos para o Hotel, precisamos de falar com o David. – disse.
(…)
David andava inquieto de um lado para o outro à frente de Melanie e Tom, que se mantinham sentados na cama do quarto de Hotel a que haviam chegado à escassos 10 minutos.
- Vou falar com a polícia… - dizia. - … vou tratar de tudo, mas antes é preciso o teu testemunho. – parou e olhou a filha que suspirou.
- Ok, se é preciso tudo bem. Quando?
- Não pode ser muito distante, eles amanhã dão concerto e partimos na manhã seguinte, por isso vou tentar que seja ainda hoje. – disse e chegou-se a Melanie. – Não vais sair mal disto, ok? Vai correr tudo bem, e vais ficar comigo e não com ele. Sim? – beijou-lhe a cabeça.
- Sim. – David ia sair. – Espera! – ela levantou-se e Tom olhou-a, continuando sem proferir palavra. – Quem é que te enviou a carta? – perguntou assim que David se houvera virado para ela novamente, de mão na maçaneta dourada da porta.
- Não sei… mas também gostava de saber. – respondeu.

isto está cada vez mais intrigante, -.-
ResponderEliminarquero mais, :D