sábado, 12 de março de 2011

[ 4 ]

Próximo quinta-feira.


- Quem era? – Bill perguntou, quando Tom regressou a casa.

- Quem era quem? – perguntou em resposta. Ainda estava abismado com aquele “Desisti.” de Silvie. Como é que ela desistira? Lembrava-se perfeitamente de quando falara com ela ver um brilho irremediável no seu olhar quando falou da sua profissão, não percebia. “Mulheres.”

- A rapariga com quem foste ter ali na praia, há bocado. – explicou. – Conhecias ou…? – sorriu.

- Tecnicamente conhecia sim. – olhou-o – E tu também a conheces. – disse.

- Ai conheço? Quem era? – perguntou interessado sentando-se confortavelmente no sofá a comer um saco de pipocas.

- Silvie Ports. – respondeu sentando-se ao lado dele, retirando uma mão cheia de pipocas. - Vamos ver um filme? – perguntou.

- Espera aí. – clarificou a mente. – Essa mulher é modelo, Tom. Aliás era. – fez ver.

- Era?


- Sim, e de certeza que não era ela. Ou então está a trabalhar aqui sozinha! – pensou nisso como hipótese. - Ai diz-me que está!! – pediu com os olhos a brilhar. – Ela é linda e mega talentosa, podia pedir-lhe umas dicas já que em Milão não tive tempo absolutamente nenhum! – disse. – E já foi há bué tempo…


- És tão diva, meu. – riu-se da festa que o irmão fazia. - Ela está cá de férias… foi o que me disse. – disse apanhando outra mão cheia de pipocas, fazendo pontaria à própria boca apanhando-as uma a uma com os dentes. – Mas tu disseste que ela era modelo? Porque é que era, já não é? – perguntou.

- Segundo o que vi lá do manager dela, desistiu da carreira… - disse comendo uma pipoca. - … há uns não sei quantos anos. – terminou.

- Foi isso que ela me disse, que tinha desistido. Mas porquê? Ela tem um corpo perfeito!


- Uuh, e tu que não falasses no corpo de deusa grega que ela tem. – com aquele corpo até Bill suspirara, levando a mão ao peito.

- É pois, pois… - remordeu. – Mas e vamos ver um filme ou quê? – desviou assunto. Ela podia ser um bom tema de conversa e Bill podia tê-la para ele também que Tom não se importava (e era uma maneira de saber que o irmão não se entregava meramente à mão) mas primeiro ele e os seus caprichos com ela, depois os outros. Sim, podiam chamar-lhe egoísta no que tocava ao sexo feminino.

- Pois, pois o quê? Não me digas que ela te deu para trás!? – riu-se. – Diz-me que sim que eu mijava-me aqui a rir! – agarrou numa das almofadas e atirou-a à cara de Tom. – Diz!


- Não! Não me deu nada para trás porque eu não dei para a frente! – disse refilando para a almofada que lhe tinha acertado. Atirou-a ao irmão.

- Viste as tatuagens dela? – perguntou pousando a almofada entre os dois, lembrando-se. – Já não vejo nada dela há séculos, mas ela tinha altas tatuagens!


- Vi aquelas caras, nas coxas só. – respondeu. – Mas… temos net aqui? – perguntou levantando-se do sofá dirigindo-se ao portátil, pousado já sobre a cama.

- Mas não íamos ver um filme? – Bill perguntou rindo, tinha percebido o que Tom tencionava fazer.

- Fixe, temos. – respondeu nem ligando ao irmão. Acedeu ao Google e digitou o nome dela.
Bill colocou-se atrás dele, queria ver que raio é que ele ia pesquisar sobre ela.

Entre fotografias que deixavam qualquer um dos gémeos de boca aberta, a entrevistas, photoshoots filmados e outras coisas descobriram Marcele Bryon numa entrevista, a explicar a desistência de Silvie.

- Ok, ele é um bocado bicha, não é? – perguntou Tom retoricamente. Bill riu-se. “Realmente”.

- Foi esse vídeo que eu vi. – disse Bill. Tom clicou no Play.

“- A Silvie decidiu pôr fim à carreira, não sabemos os seus motivos mas ela lá deve ter uma razão plausível.


- Mas você é manager dela, ou era, por isso deveria saber. Estará apenas a esconder-nos alguma coisa? – Marcele levou a mão à testa.


- Não tenho que estar a par da vida pessoal dos meus clientes, apenas da profissional. Se ela desistiu foi porque quis, eu não tenho nada a ver com isso. A decisão foi inteiramente dela.


- Muito bem, obrigada. – a jornalista retomou a câmara – Aqui fica o testemunho do ex-manager da modelo. Silvie Ports decidiu, por vontade própria e sem qualquer tipo de desentendimento, abandonar a carreira. Boa noite.”

- Eu acho que isto não é assim. – disse Bill pensativo. – Nunca achei…


- Hum? Não? – Tom não percebeu. – Parece-me plausível, embora estranho…


- Não, não acho. Eu duvido-me que ela abandonasse a carreira assim.


- Podia estar grávida. – Tom rematou. Bill riu-se. – Que foi, não podia?


- Podia mas nunca apareceu nada dela grávida, oh Tom.


- Atão pode ter-se escondido muito bem! – inventou.

- Se assim o queres eu dou-te uma razão para te contrariar: se estivesse estado grávida, mesmo que até tivesse sido fruto de uma noite e nada tivesse aparecido há umas coisinhas lindas que se chamam paparazzi e nesse caso tinha entretanto sido anunciado um qualquer namorado e ela tinha a criança e depois voltava. – encolheu os ombros. – Não?


- Eu não percebo mesmo nada disto. – arregalou os olhos perante o filme que Bill fez. – Vou ver televisão.


- Um filme?


- Já comeste as pipocas todas, não tem graça. – Bill levantou a sobrancelha esquerda.

- És estúpido, não és?

[…]

Tom levantou-se, na manhã seguinte, antes de Bill e decidiu ir fazer algum tipo de exercício físico, já que não lhe apetecia ir ao ginásio do hotel mais próximo pensou fazer uma corrida na praia.

Calções de banho e saiu. Não tinha ideia do que fazer, por onde ir, para que lado mas optou por onde tinha visto Silvie desaparecer. Talvez voltasse a encontrá-la e aí perguntar mesmo todos os porquês que a sua cabeça (e de Bill) tinha(m).

Apesar do extenso areal quase fazer com que a vontade de o percorrer a uma maior velocidade se perdesse a paisagem em redor fortalecia-a.
Abrandou a corrida e parou metros mais à frente decidindo-se a mergulhar nas águas transparentes, continuando a viagem a nadar.

~

Sentou-se numa das cadeiras existentes no retiro frontal da casa. O sol ainda não batia naquele sítio mas o calor já conseguia penetrar os seus ossos. Há algum tempo que não desfrutava daquela sensação de plenitude, de descanso, de saber que não tinha obrigações absolutamente nenhumas a não ser cuidar de si e do seu corpo para se sentir bem consigo mesma. Naquele momento sentia-se a pessoa mais feliz do mundo e ninguém era capaz de lhe estragar isso. Estava bem. Estava em casa. Estava pronta para um novo ciclo, só precisava de uma mãozinha mas isso arranjar-se-ia.

Olhou as suas pernas e sorriu às caras coloridas. Tinha saudades das pessoas que aqueles dois bonecos representavam: os seus pais. Tivera aprendido a viver com a situação mas não era fácil saber que os nossos pais saíram à rua meramente para ir ao banco e nunca mais voltaram. Não sabia se tinham sido mortos, raptados, torturados, nada. Nunca soubera do seu paradeiro, nunca ninguém se deu ao trabalho de investigar o caso. Há 5 anos que vivia na ignorância.
Recostou-se e olhou o horizonte recordando o que pensara no dia em que abandonara tudo e se refugiara do mundo naquela mesma casa, a olhar aquele mesmo horizonte.

Sentara-se nas escadas que davam acesso à praia e não conseguia acreditar no porquê de ali estar. Não acreditava, mas tinha que começar a interiorizar que nunca mais existiria alguém a falar de si pelos excelentes trabalhos que fizera, pela luta que sempre empregara em ter para ser aquilo que realmente queria. Agora reconhecê-la-iam por ter abandonado tudo sem dizer uma única palavra ao mundo, aos fãs, àqueles que sempre a apoiaram. Tinha a sensação que ficara mal vista, mas isso, isso passaria facilmente depois daquilo que o seu cérebro começara a pensar fazer.

Levantou-se e, despindo o branco vestido que tinha sobre o corpo, caminhou até à praia e entrou no mar. Nem todas as massagens que nos tempos de modelo tivera, sabiam melhor que aquela sensação inexistente de peso. Fechou os olhos e permaneceu à tona da água, até sentir qualquer coisa nadar ao seu redor.

- Parece que nos encontrámos novamente. – Tom emergira, literalmente, do nada.

- Olá, Tom.

1 comentário:

  1. Ah isto agora é posta-se e não se avisa -.- hás-de cá vir! -.- tens sorte que eu hoje pensei «ora deixa cá ver se a dona carla já se decidiu a brindar-nos com mais um belo capítulo1» e eis ele! u.u XD

    "Não! Não me deu nada para trás porque eu não dei para a frente!" - AMEI XDD fartei-me de rir :p é tão Tom e tão tu XD teve piada!
    continuo ansiosaaa que a parte Bill gay seja mais desvendada :p mas cá espararei na ignorânia XD
    e agr este olá tom final foi para me deixar ansiosa não foi? -.-.-.-.-' q nervoooos! que a 5f chegue depressaa *-*

    beijinhos *

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