segunda-feira, 4 de abril de 2011

[ 8 ]

Este é o último capítulo completamente escrito que tenho ._. As minhas reservas esgotaram, mas como eu agora tenho esta semana sem nada, absolutamente nada, para fazer (finalmente!) e depois vêm as férias da Páscoa pode ser que num momento assim a dar para o muito grande de tédio eu me decida a dar um bom avanço a isto. É que a vontade está a começar a esgotar-se, muito sinceramente mas como eu odeio deixar coisas a meio esta vou acabá-la nem que me mate por isso :supaman: Portanto, chega de conversa da treta. Obrigada por comentarem e lerem que há sempre fantasmas a ler estas coisas xD
Beijinho*


Agarrou a guitarra e entoou os dois versos da única música que alguma vez acabara de compor.

«Don't grow up too fast and don't embrace the past. This life's too good to last and I'm too young to care.»

Encostou-se à parede e deixou que a música a consumisse, acompanhando-se ao som da guitarra que entre os seus braços ganhava vida. Era a única solução para o misto de emoções que afluíam à sua cabeça. Todas juntas, baralhadas, confusas deixavam-na sem chão, à mercê de qualquer pensamento mais obscuro. Não tinha sido feita para desistir dos sonhos, mas não tinha sido feita para ser escrava deles. Olhou a taça com água e a tesoura pousada ao seu lado. Lá estavam eles: os pensamentos obscuros, totalmente negros, a total escuridão que realmente precisava. O verdadeiro blackout que um dia chegou a desejar e, talvez agora, pensasse realizar.


Tentou abstrair-se de todo o mundo à sua volta: dos carros lá fora, do barulho das gentes apressadas, da chuva que naquele dia insistia em bater e rebater nos vidros das janelas. Estava perdida, perdida num mundo que pensara nunca vir a ver, perdida num mundo negro, totalmente ausente de luz e vida.


Pegou na tesoura largando a guitarra e tirou a camisola laranja que, aos seus olhos, não era mais que uma peça totalmente absorvente de luz, negra. Colocou o braço esquerdo à volta do pescoço e olhou as costelas ao espelho. Seria ali o sítio certo para cometer a loucura?

- Silvie! – Tom chamara por ela quando a viu agarrar-se aos joelhos e balançar-se a ela mesma para trás e para diante tentando mental mas inconscientemente acalmar-se. – Silvie! – abanou-a e ela olhou-o. Olhou-o com o mesmo olhar cravado de lágrimas e morto de vida. – Chora. – pediu. – Chora. Deita tudo cá para fora. Berra, mas não fiques assim! Estás a deixar-me em pânico! – ele próprio estava realmente aflito. Nunca tinha estado numa situação semelhante, nem o próprio irmão gémeo tivera alguma vez uma crise deste calibre! Não sabia mesmo o que fazer e sentia-se de pés e mãos atadas enquanto via a reacção de Silvie não mudar por nada.

Silvie moveu-se deitando o corpo para trás e deixando que todas as lágrimas contidas no seu olhar rolassem pelo seu rosto abaixo. Era por isto que odiava ter que relembrar a história, ter que relembrar os pormenores e não conseguir contá-los, ter que guardar para si os demónios que a possuíram depois do pseudo-fim do sonho.

- Desculpa. – ela murmurou. Tom ajoelhou-se ao lado do corpo dela vendo-a chorar quase que compulsivamente.

- Não tens que me pedir desculpa, eu é que peço não sabia que eras tão sensível a esse assunto. – disse respirando fundo por vê-la voltar ao normal. Silvie sentou-se na toalha limpando as lágrimas.

- O passado é sempre o passado, não é verdade? – conseguiu sorrir, ainda que debilmente.

- Mas nem todos os passados são traumáticos. – fez ver.

- Lamento que o meu seja. – encolheu os ombros de forma irónica, afinal tinha sido ele a querer saber.

Tom sentou-se na areia frente a frente com ela.

- Que foi? – ela perguntou limpando o resto das lágrimas olhando Tom que a mirava com a maior atenção do mundo.

- És diferente. – constatou. Ela olhou-o sem perceber. – E estranha. – acrescentou. – Mas ainda assim eu gosto disso.


- Tom, - ela sorriu confusa e ainda meio aluada de toda a situação e lágrimas pelas quais tinha passado há meros segundos, minutos, atrás. – eu sou mais do que estranha. Sou mais do que diferente e posso ser até muito mais que especial, mas não sou mulher para ti. – não o conhecia, não sabia que raio aquele “mas eu gosto” tinha de facto significado para ele, queria-o mas não o queria. Acima de tudo sentia que se se envolvesse demais com Tom alguma coisa não iria acabar bem e tudo isso a deixava cada vez mais confusa. Ainda mais. Não sabia se havia de controlar o desejo que o seu corpo tinha pelo dele, constantemente descoberto à sua frente, ou se simplesmente devia deixar-se levar e ver onde tudo acabava. Não conhecia Tom e o seu cérebro reforçava essa ideia, não sabia nada dele e no pouco espaço de tempo que tivera para apalpar terreno tinha acabado por lhe contar a maior parte do seu passado que sempre jurara não abrir boca a ninguém e não explicar o seu porquê. Mas com ele fê-lo. Fê-lo e sentia-se bem com isso sabendo ainda que em qualquer altura da sua vida a primeira pessoa a saber de tudo seria realmente ele. Mas porquê? Teria sido correcto?

- Não percebi… - Tom, de facto, não percebera. Achar-se-ia ela demasiada areia para a sua camioneta? Ou simplesmente tinha sentido um clique com o seu irmão e ele era agora posto de parte? - … porque é que não és mulher para mim?


- Reparaste em tudo aquilo que te contei? Eras capaz de viver algo com uma… cobarde? – perguntou.

- Cobarde? Porque raio te achas cobarde? No teu caso eu teria feito exactamente o mesmo… a não ser que também me aches cobarde estamos no mesmo barco. – disse.

- Não percebes… - suspirou.

- E o Bill percebe, é? – perguntou meio chateado. Que é que o irmão tinha a mais que ele?

- É esse o teu problema? Eu ter tido sexo com o teu irmão faz-te confusão? – perguntou em resposta.

- Porquê ele e não eu? Se tivesse sido eu a correr atrás de ti da maneira que ele fizera tinhas-te aliviado comigo? – perguntou, mais uma vez, num tom ao qual ele não se identificava mas que naquela conversa lhe parecia totalmente certo.

- Não. Se tivesses sido tu eu tinha-te contado toda a história, tal como aconteceu agora.


- Porquê? – perguntou frustrado, acima de tudo queria o corpo dela, não só a alma.

- Porque tu não tens nada a ver com o teu irmão e porque na tua presença a minha tentativa de controlo é praticamente um desperdício. – olhou-o.

- Eu não o diria. – confrontou-a. – A distância, mínima, a que te encontras de mim seria o suficiente para fazer despertar qualquer uma, mas tu não. – aproximou-se ainda mais dela. - Manténs-te firme e segura no teu lugar não dando sequer um indício de que me queres.


- Eu não sou qualquer uma. – afirmou.

- Por isso mesmo é que não percebo onde não és mulher para mim. Eu não fico com qualquer uma, Silvie. – aproximou os seus lábios do seu ouvido e terminou a frase num sussurro. Precisava de uma proximidade com ela, de algo que a fizesse despertar de vez e fazê-la sucumbir ao autocontrolo que dizia não ter na sua presença. Precisava de a provocar e de a ver responder.

- Eu também não fico com qualquer um. – suspirou ao sentir o piercing frio de Tom descer pelo seu pescoço e a sua mão passear pelos seus abdominais. – Ainda ninguém me merecera a sério…


- Ninguém? – Tom perguntou, prolongando a conversa, apercebendo-se que ela começava a ceder aos seus lábios e às suas mãos. Ninguém lhe resistia e Silvie não ia ser a excepção.

- Ninguém. – levou uma mão ao peito de Tom e apalpou os seus peitorais sentindo a sua firmeza. – E quem o fizer não vai ter a papinha toda feita. – terminou a frase mordendo a orelha de Tom e empurrando o seu corpo para longe. – Eu sou difícil de conseguir, sabias? - levantou-se e observou a cara de espanto de Tom ao seu comentário.

- Difícil só se for para mim! – refilou frustrado pelo estado em que ela o deixava estendido na areia da praia.

- Difícil só para quem merece ter-me! – falou-lhe de volta, pegando nas coisas e dirigindo-se a casa.

Tom deixara-se ficar deitado na areia ouvindo as palavras dela ecoarem na sua cabeça.

[…]

- Tom? – Bill, sentado na areia da praia em frente ao mar a observar o horizonte e a tentar perceber o que havia de fazer para resolver tudo com Tom, viu-o dirigir-se à casa atrás de si. – Tom! – Bill voltou a chamar ao aperceber-se que Tom nem sequer o ouvia.

- Hum? – virou-se ligeiramente e viu o irmão sentado a chamar por si. – Que foi? – perguntou. Não tinha a cabeça propriamente livre para uma discussão ou algo semelhante, neste momento a sua cabeça apenas funcionava em função daquilo que tinha ouvido e sentido quando estava com Silvie.

- Podemos falar? – perguntou dirigindo-se a ele.

- Esquece tudo o que te disse e eu esqueço tudo o que me disseste, ok? Não quero saber de mais nada que tenhas tido com ela ou com qualquer outra sujeita antes de mim, pode ser? – perguntou rapidamente tentando livrar-se da conversa inevitável.

- Estás bem? – perguntou. – Onde é que estiveste?


- Estive com uma miúda, não foi isso que te tinha dito que ia fazer? – perguntou retoricamente. Bill lembrava-se dele ter saído furioso da praia, não de ele lhe ter dito onde ia.

- A Silvie?


- Não, não estive com a Silvie foi outra. – disse sentando-se nas escadas de casa pousando a roupa no alpendre. Bill sentou-se ao lado dele.

- Tens a certeza que não queres falar?


- Tens alguma coisa para acrescentar à descrição que fizeste de como fodes-te a miúda mais difícil de sempre? – Bill ficara baralhado com a afirmação do irmão. Difícil?

- Tom, tens certeza que não foste tentar nada à Silvie e que ela te tenha mandado às favas? – no seu pensamento aquela cena tinha a sua graça, o irmão ser rejeitado por uma bomba daquelas era bem bonito, mas talvez não fosse saudável. Teria Tom mesmo sido rejeitado?

- Bill, - olhou-o – eu adoro-te mas não me chateies mais, ok? – pediu. Levantou-se e planeou tomar um banho. – E não, não fui rejeitado pela Silvie nem nada parecido. Não tive nada com ela até agora nem tentei nada. – ok, metade era verdade a outra nem por isso. Tom tinha tentado mas ao que parecia era demasiado “bom” para ser dado a ela de bandeja. Se assim tinha que ser, esperaria pela oportunidade, só esperava a oportunidade não sair furada.

- Ok. – Bill encolheu os ombros não percebendo bem o assunto, mas se Tom queria esquecer a discussão de de manhã então estava esquecida.

Nota: desculpem ser a dar para o pequenino, mas foi necessário. Agora, a história começa a compôr-se resta saber é o que vem por aí, mas cheira-me que esta fic vai ter muito menos capítulos do que a Magnólia, por exemplo, muitos menos. Mas isso agora na interessa xD Obrigada!

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