terça-feira, 16 de agosto de 2011

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- Então… precisas de uma mulher para fazer exactamente o quê? – Silvie perguntou sentando-se no sofá da sala dos gémeos.
- Eu preciso de contar isto a alguém, mas não consigo contar ao Tom. – disse esfregando a mão uma na outra.
- Estás nervoso… - constatou - … é mau?
- Tu certamente não acharias mau, agora se fosse o Tom… - disse receoso.
- Mas eu não sou o Tom, Bill podes falar à vontade e se não queres que o Tom saiba também não há-de ser por mim que ele vai saber. Podes confiar. – assegurou-lhe seriamente, ao que parecia Bill não queria falar de todo com Tom sobre aquilo, seria assim tão mau para ele precisar de desabafar com alguém do sexo feminino?
- Obrigado! – Bill suspirou sentando-se finalmente ao lado dela. – Eu tenho um caso, dito amoroso, com um rapaz! – disse bastante rápido tentando que a “dor” fosse menor.

Silvie ficou uns segundos pendurada no tempo. Bill era gay? A sua aparência e os seus gostos por roupa e moda sempre lhe disseram que ele tinha um lado muito afemininado, mas não imaginava que esse lado pudesse sobressair ao ponto de ele andar com um rapaz. Muito menos tinha pensado nisso depois daquilo que tinham tido na praia! E essa hipótese nunca lhe tinha passado pela cabeça nos 2 segundos que tinha tido para pensar em algo quando Bill a arrastou para aquela sala.

- Diz qualquer coisa, por favor!! – Bill pegou-lhe nas mãos e abanou-as. Silvie sorriu-lhe docemente.
- Nunca pensei, Bill. Quer dizer já tinha pensado há uns tempos, mas depois de… nós, julguei que realmente não fosses de todo gay! – Bill riu-se meio nervoso meio feliz.
- Isso quer dizer que a minha performance foi boa, han? – acotovelou-a.
- Nunca disse que tinha sido má! – riu-se.
- Escolhias eu ou o meu irmão? – perguntou só pela curiosidade.
- É que nem penses que te vou responder a isso, Bill Kaulitz! – respondeu quase como se fosse mãe dele.

Qual era a cena que todo e qualquer rapaz tinha em comparar-se sempre com os outros no que tocava a este tipo de coisas?

- Oh. – encolheu os ombros como se ela lhe tivesse destruído um dos maiores sonhos de sempre. – Até gostava de saber… – disse pensativo.
Silvie riu-se da cara dele. – Tu gostavas de saber da performance do teu irmão?! Vocês matam-me! – gargalhou.
- Se tivesses um irmão gémeo apelidado de Sex Gott, também gostavas de saber. – disse.
- Ok, ok. – mudou de assunto. – Mas e relativamente a ti… porque é que não queres contar ao Tom? – perguntou num tom um pouco mais sério.
- Achas que ele ia aceitar? É todo machão e todo contra estas coisas e contra lamechices e ai faz-me comichão não lhe poder contar mas…!
- Bill… muito sinceramente eu acho que não tem mal nenhum contares ao Tom, ele é teu irmão, sangue do teu sangue, teu gémeo, é a tua alma gémea, aquele que te completa!, isto pelas vossas próprias palavras. – disse tentando convencê-lo de que não era assim tão mau.
- Eu hei-de contar-lhe, um dia quando eu souber realmente aquilo que sou… - falou num tom triste.
- Estás dividido? – perguntou achando aquela fala duvidosa. – Entre eles e elas? Ou…?
- Sim, entre eles e elas. Tenho o Joe… - levantou-se - … e depois… - travou-se. Era suposto contar a Silvie que ela própria ainda lhe fazia comichão? Que ela mesma, ela que se tinha tornado numa excelente amiga, era alvo de tumultos nas suas partes íntimas?
- Depois…?
- Existes tu! – despejou.
- Eu?! – ela parou os pensamentos novamente e fixou Bill. – Estás interessado em mim? – perguntou seriamente, levantando-se do sofá em espanto. Precisava de saber qual era o fascínio dos gémeos por si.
- Mais ou menos. – levou as mãos à cabeça. – Não consigo parar de recordar o que tivemos e cada vez que olho para o teu corpo quase despido… - travou-se.
- Desejas-me? – perguntou curiosa.
- Mais ou menos. – respondeu. – Mas quem não o fizer não tem olhos na cara, rapariga! – mostrou.
- Estás tão confuso. – constatou, sentando-se e chegando-se mais a Bill, rodeando os seus ombros. – Não sabes se desejas alguém isso é…
- Estúpido, estranho, parvo!! – quase explodiu. Odiava aquela situação. Levantou-se novamente e novamente andou às voltas na sala. – Quase não me conheço… e custa-me tanto esconder isto do Tom… - olhou pela janela e viu Tom estendido à beira mar. - … se ele imaginasse o mínimo… Já lhe tinha tentado contar antes de virmos para aqui, - confessou – mas não consegui, ele passava a vida a gozar e eu desisti de lhe contar.
- Sabes porque é que eu acho que devias contar ao Tom? – perguntou quase retoricamente. – Sei por experiência própria que o Tom sabe compreender as piores coisas de sempre e sabe apoiar-nos por isso. Tu acima de todos deverias saber isso, Bill não percebo a não confiança em contares-lhe. – disse.
- Tenho medo da maneira que ele me vai ver daí para a frente. – revelou. Olhou-a. – Por experiência própria…? Posso perguntar porque é que dizes isso? – perguntou curioso.

Silvie respirou fundo e abreviou tudo aquilo que já tinha contado em pormenor a Tom sobre a sua vida passada. Bill estava espantado por tudo o que ela passara e pela maneira como ainda assim se apresentava totalmente bem no dia-a-dia e não mostrava os sinais que realmente tinha do passado marcante que tivera. Havia também de arranjar força nas palavras de Silvie para partilhar aquele segredo com Tom, até porque aquilo que ele tinha escondido nada era comparado àquilo que ouvira dos lábios de Silvie.

- Wow. – sentou-se que nem peso morto no sofá da sala e respirou fundo. – Ajudas-me?
- A contar ao Tom? Eu ajudo, Bill mas não sei se seria boa ideia ele ver que eu já sabia antes dele que tu és meio gay…! – disse baralhando-se um bocado.
- És capaz de ter razão… - voltou a respirar fundo e ela interpelou-o.

- Desejas-me mesmo, Bill? – perguntou. Não negava que gostava de ter sempre alguém que se chegasse ao pé dela e lhe dissesse que de alguma maneira se sentia atraído a si, afinal isso dava-lhe confiança, subia-lhe o ego e a auto-estima, mas pensar que Bill Kaulitz, depois de ter sido arrastado por si para baixo de uma palmeira a dar asas à sua imaginação e da boa relação que tinham criado depois disso, fosse ainda assombrado pelos seus movimentos e por aquilo que o seu corpo despertava em qualquer homem.

- Não me compliques mais a vida por amor de Deus! – pediu rindo-se. – Mas olha bem para ti, Silvie é impossível ninguém com dois olhos na cara não se sentir atraído a ti, não te desejar nem que seja meramente tocar! Eu tive direito ao pacote todo e acredita que não passaste despercebida em nada!

Ela sorriu. – Ok, chega. Vamos para o sol? – perguntou, continuar aquela conversa poderia não acabar bem.
- Sim. – disse não muito animado.
- Anda lá, homem não há-de ser um gajo como o Tom que te vai deixar assim! – deu-lhe uma palmada nas costas e mandou-o andar à sua frente.
- Um gajo como o Tom? – perguntou numa gargalhada.
- Sim, o teu irmão é um totó. – riu-se e saíram em direcção à beira mar onde Tom se mantinha deitado ao sol.

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