terça-feira, 18 de outubro de 2011

[ 21 ]


Tinha regressado a casa quando não viu Silvie na sua varanda. “Talvez tenha mesmo ido ter com o Tom.” Bill estava feliz. Parecia que o Universo conspirava a seu favor no que tocava a assuntos do coração, coisa que não acontecia à anos. No entanto, as reacções de Tom deixavam-no apreensivo. Como é que ele iria reagir a Joe? Como é que iria aguentar a pressão? Não tinha certezas do que é que Tom era capaz de fazer e isso assustava-o, porque Tom era seu irmão gémeo e nunca na vida tinha tido aquele tipo de problema com ele. Nunca Tom tinha pensado que ele não confiava em si e isso dava-lhe cabo da alma. Se tinha o coração preenchido tinha a alma quebrada, se tinha o coração deserto tinha a alma intacta. Será que não havia uma única hipótese na Terra de conjugar as duas coisas positivamente? Deu meia volta e voltou para sua casa, talvez Tom estivesse por lá e quem sabe pudessem conversar como devia ser.

~

Depois de ter respirado fundo 500 vezes e ter visto o pôr-do-sol por tempo demais, Tom Kaulitz levantou-se da areia e decidiu ir ter com o irmão. Apesar de todas as coisas que lhe faziam comichão quanto à sexualidade de Bill ele sempre fora a pessoa que nunca o julgara e diga-se de passagem que Tom sempre levara uma vida boémia ao quadrado, ou talvez até mesmo ao cubo, aturá-lo nunca era fácil. No entanto, Bill consegui essa proeza. Se Tom não fosse capaz de aceitar o irmão da maneira que ele verdadeiramente era não merecia o título de irmão.

Viu luz da janela como tal Bill estaria em casa.

- Bill? – Tom chamou ao não o ver na sala.
- Na cozinha. – Bill respondeu estranhando, só esperava que ele não fosse fazer mais filmes onde eles não existiam.
- Podemos falar? – Tom sentou-se à mesa vendo Bill de volta dos tachos e pedindo mentalmente para que mantivesse a calma e deixasse os meus preconceitos de parte.
- Se não fores estúpido e otário por mim é na boa… - encolheu os ombros, se ele não queria compreender Bill também não iria andar com ele ao colo. Já tinha sofrido demasiado com toda esta situação, apesar de nem sempre o demonstrar.
Tom respirou fundo. – Desculpa… - baixou o olhar - se é isso que realmente queres…
- Tu já fizeste essa conversa uma vez, Tom, e depois não o cumpris-te, aliás desrespeitaste-me para além disso! – Bill interrompeu-o continuando a mexer nos seus tachos tentando desprezar Tom.
- Eu sei, mas desta vez…
- Não sei se acredito! – interrompeu-o.
- Então olha para mim, caraças! Olha-me nos olhos! – Tom levantou-se e Bill virou-se para ele.
- Fala. – cruzou os braços e encostou-se á bancada, vendo Tom dirigir-se a si.
Tom hesitou. Estava quase peito com peito com Bill e aquelas coisas nunca acabavam bem, sabia por experiência. – Eu admito que não gosto, que não concordo, que me faz comichão, que me deixa a pensar aquilo que tens feito ao longo da tua vida sabendo isso, - esbracejou - que me enerva não me teres dito mais cedo e acumulado a isso que me tenhas escondido a verdade e me tenhas evitado, - apontou-lhe o dedo, explodindo sem pestanejar - mas és meu irmão, és meu gémeo, és a pessoa que mais gosto no mundo, és demasiado importante, és… és tu! – voltou repentinamente a si, vendo muitas das cenas com Bill passarem-lhe à frente dos olhos.
Bill pousou as mãos sobre os ombros de Tom. – Desculpa ter-te escondido, mas eu sabia como ias reagir, sabia que não ias conseguir lidar com a situação e a minha intenção era apenas proteger-te. – sorriu-lhe fracamente – Para umas coisas és muito moderno, para outras és um autêntico casmurro e nas maior parte das vezes consegues ser um otário do tamanho do mundo!
- Isso não é desculpa, - olhou-o seriamente - mas de certo modo… - hesitou - obrigado. – desviou o olhar por momentos. – E desculpa. – voltou a olhar para Bill e desta vez fora sentido. – A sério.
Bill sorriu e abraçou-o. – Não me voltes a fazer isto! Odeio estar chateado contigo!
- Foste tu o culpado! – atirou enquanto apertado Bill nos braços.
- Porquê? – largou-o de repente. – Por ser gay? – testou-o semi-cerrando-lhe os olhos.
- Não, - sorriu percebendo a deixa - por me não me teres incluído nos teus pensamentos e incertezas!
- Hum. Safaste-te bem com essa resposta. – sorriu.
- Mas é a verdade! – retorquiu. – Então e quando é que o gajo vem, mesmo?
- Chega amanhã. Vais mesmo para casa da Silvie? – perguntou.
- Sim, vocês ficam com mais espaço e eu evito dar de caras com aquilo que não quero ver. – brincava com o garfo, depois de se ter sentado novamente à mesa.
- Nós não vamos propriamente andar aí a… - foi interrompido.
- Não interessa, tu ficas com o teu tempo e o teu espaço e eu fico com o meu. – levantou os braços não querendo ouvir pormenores.
- Em casa da Si.
- Sim, eu de certo modo já lá tenho o meu espaço. – sorriu inconscientemente.
- Quando é que vocês se admitem? – riu-se. – Tu aí todo sorrisos ela fica toda vermelha quando se fala de ti…! – sentou-se à frente dele pressionando-o com o olhar.
- Admitir o quê? – perguntou olhando o irmão.
- Ok, Tom! – riu-se novamente e dirigiu-se aos tachos a ver se não queimava o jantar. Tom suspirou.
- Isso demora muito? – perguntou. – Tenho que ir falar com a Silvie, depois.
- Ya, ya maninho. – não conseguia conter-se no riso. Era tão notório que aquilo que eles tinham começava a ser mais que sexo dia sim, dia não.

[ … ]

- Estás bem? – depois de duas horas de filme em que Silvie não parava quieta no sofá Tom achou que fazia bem perguntar. – Estás muito inquieta, isso não é normal…
- Não! Estás a ver coisas. Eu estou bem! – levantou-se e deu uma volta sobre si mesma. Ele olhou-a desconfiado, aquela treta toda só para dizer que estava bem significava certamente o oposto. – Que foi? – pousou as mãos na cintura.
- Tu és tipo as crianças, Si, fizeste alguma coisa que não devias… - ela riu-se.
- Como as crianças? Essa ‘tá boa, Tommy. – abanou a cabeça da esquerda para a direita e voltou a sentar-se, encostando-se cuidadosamente ao corpo de Tom.
- Estás assim por causa do namorado do Bill? – perguntou - E das minhas reacções? – acrescentou
- Não, eu não tenho nada, homem! – respondeu – E estou muito bem relativamente ao namorado do Bill.
- É por eu vir viver contigo?
- De certo modo até estou feliz por vires viver comigo… - sorriu-lhe perversamente pousando o queixo sobre o peito definido de Tom.
- Hum, isso agrada-me… - beijou-a. – Mas então podes ser verdadeira comigo, o que é que se passa?
- Não se passa nada! Ai que chato! – refilou afastando-se dele, cruzando os braços.
- Ai que chato! – imitou-a, deitando-lhe a língua de fora e dando-lhe um encosto nas costelas. Elas encolheu-se num reflexo, ao sentir a mão de Tom atingir os cortes daquela tarde. – Não acredito. – Tom apercebeu-se. Aquilo explicava a inquietação e a vontade em que ele pensasse que estava realmente tudo bem. – Outra vez?!
- Outra vez o quê? – ela perguntou como se nada fosse, encolhendo-se. Tom levantou-se e posicionou-se à frente.
- Tira o top. – pediu numa voz autoritária pondo as mãos nos bolsos das calças. Silvie fechou os olhos e por muitas piadas de valor sexual que lhe tivessem passado pela cabeça não valia a pena dizer nenhuma. Ao que parecia já não conseguia guardar as asneiras de Tom, para ele Silvie era um livro aberto em que ele próprio escrevia grande parte das linhas.
Silvie levantou-se e tirou o top. Passou o braço esquerdo por trás do pescoço e virou-se lateralmente para Tom. A gaze ensanguentada que tapava os cortes não deixava muito à imaginação.
- E desta vez foi porquê? – Tom perguntou retirando-lhe a gaze tendo intenções de olhar os cortes e substituir a gaze.
- Pelo mesmo do costume. – encolheu os ombros e travou um suspiro ao sentir as mãos dele em contacto com as suas costelas.
- Mas… isso não te vem à cabeça assim do nada… - disse dirigindo-se à casa de banho onde sabia ela ter uma caixa de primeiros socorros. Silvie olhou as próprias feridas, no vidro do armário em frente. Suspirou.
- O Bill fez uma insinuação e eu… - interrompeu-se.
- E tu? – perguntou desinfectando os cortes.
- E eu deixei-me cair em pensamentos que já deveriam ter sido esquecidos. – deixou uma lágrima escorrer pela sua face morena. Tom cobriu os cortes com uma gaze limpa revestida de um cicatrizante.
- Jack outra vez? – perguntou a medo não querendo estar a expor ainda mais a verdadeira ferida dela.
- Podemos não falar disso? – pediu voltando a vestir o top e a sentar-se totalmente encolhida no sofá.
- Desculpa. – Tom sentou-se ao lado dela e colocou um braço à volta dos seus ombros, ela pousou a cabeça no seu peito, sentindo-se protegida. – Eu sei que é difícil perder-se alguém de quem se gostava tanto, mas… não há nada neste mundo que te consiga fazer esquecê-lo? – beijou-lhe a testa.
- Até há… - olhou Tom seriamente nos olhos e sentiu o seu coração sair-lhe pela boca.
- O quê? – a esperança dele era óbvia e totalmente notória nos seus olhos chocolate.
- Tu.

1 comentário:

  1. A única coisa que não gosto desta história, é o tempo que demora a chegar um novo capítulo.

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