domingo, 13 de novembro de 2011

[ 22 ]

Desculpem a demora, mas eu sou preguiçosa e diga-se que me anda a faltar a imaginação xD
Beijinho e obrigada ao Anónimo!



- Tu. – Silvie sentiu a voz falhar cravando o seu olhar no de Tom.

Ele sorriu, fazia uma pequena ideia disso. Encostou os lábios ao ouvido dela e sussurrou: – Então pára e esquece-o, eu não vou a lado nenhum, Si.

- Vais, - abraçou-se mais a ele – e isso assusta-me.

- Vou? – perguntou passando os dedos pelos cabelos laranja da rapariga. Silvie começava a dar-lhe a conhecer muito melhor o seu lado mais frágil e vulnerável. Até àquele ponto Tom praticamente só conhecia a mulher lutadora, sensual e destemida que lhe preenchera o dia e as noites.

- Vais embora da ilha, Tom. Vais voltar para a tua rotina, vais acabar as férias, vais sair daqui… - fechou os olhos.

- E tu também vais. Tens um regresso em grande para fazer, lembras-te? – fê-la olhar para si. – E eu vou ajudar. – garantiu.

- Eu tenho planos, - levantou-se do sofá e dirigiu-se ao armário em frente retirando de lá uma folha A3 – mas isto não se concretiza se não tiver tudo traçado ao pormenor. Eu disse-te que tinha tudo encaminhado, e não menti!, mas para voltar com um “boom” eu preciso de mais. – estendeu a folha sobre a mesa de café em frente. Tom sentou-se na borda do sofá de modo a alcançar a folha. Silvie ajoelhou-se ao lado de Tom. – Estás a ver isto? – apontou a folha no geral em que figuravam meros traços e riscos que para Tom eram totalmente aleatórios, em conjunto com listas e listas de coisas escritas.

- Ya. – disse meio sem perceber.

- Eu tirei isto de umas das malas do Marcele antes de me vir embora.

- E o que é isso? – apontou a folha reparando em algo escrito. – O que é que diz?

- São todas as marcas com quem eu já trabalhei, para quem já desfilei, para quem já pousei e os diversos tipos de roupa e acessórios que eu usei nessas marcas e nesses trabalhos. – explicou.

- Hum, e então? – Tom não estava mesmo a perceber. – Eu e a moda não nos damos muito bem no que toca a negócios, tens que ser explícita.

- Ya, e juntando a isso és homem, vocês nunca percebem as indirectas! – disse em modo de desabafo. Tinha cicatrizes extremamente profundas provocadas por um rapaz apenas, rapaz esse que ainda hoje permanecia em si e a fazia cometer muitas loucuras, mas não se tinha negado aos restantes homens no mundo, antes pelo contrário.

- Hey! – protestou.

Ela riu-se. – Desculpa, não tens culpa de ser demasiado primitivo! – gozou.

- Estás a pedi-las, não estás? – ameaçou com um sorriso brincalhão.

- Depende, - sorriu-lhe - mas voltemos a isto. – apontou a folha. – Se tu reparares há algumas marcas a negrito…

- Ya. – Tom concordou – E?

- Eu quando desisti de tudo e consegui esta folha fiz uma pesquisa pelas pastas do Marcele, no computador principalmente, e pelas diversas páginas de acesso das empresas em questão e de outras coisas que não interessam ao caso, e descobri que todas elas tentaram ter-me como cara, modelo de campanha e assim. – olhou Tom e riu-se ao ver que ele não estava a apanhar. – És mesmo mau nestas coisas, fogo!

- Não me ataques, pá! E explica lá… vais contactar essas empresas e começar por elas?

- Há umas duas semanas, mais coisa menos coisa, fiz um telefonema anónimo para todas elas. Mencionei o meu nome e perguntei se, por acaso, não estariam interessadas em ter a Silvie Ports por entre as suas modelos de elite… - Silvie gesticulava - … e quem sabe como estilista…

- Quais foram as respostas? – Tom perguntou curioso.

- Todas elas ficaram interessadas e algo surpreendidas porque era um nome que ainda voava pelo mundo da moda apesar de com pouco peso, no entanto todas elas estavam de pé atrás. Diziam-me que a Silvie tinha sido expulsa do mundo da moda por motivos que não quiseram mencionar e que o mais provável era ela nunca mais ter hipóteses neste mundo, que estavam proibidos de falar sequer dela. A única coisa que ela ainda tinha era a excelente cumplicidade com as câmaras e os diversos trabalhos intemporais, para usar as palavras deles. Uma das senhoras usou a comparação à excomunhão! Até me arrepiei.

- Foi o Marcele, não foi?

- Ele prometeu que o faria… - pousou os cotovelos sobre a mesa e a cara nas mãos. - … as palavras daquele dia foram: “Se desistes agora, desistes para sempre.” E ao que parecia não estava a brincar. – suspirou.

- Eu sei que talvez não seja grande coisa mas… - olhou-a em mistério - … não seria mais fácil aliares-te a alguém sem ser nenhuma dessas marcas?

- Hum, tá bem e quem? – perguntou como se a batalha já estivesse perdida.

- O meu irmão. – encolheu os ombros como se nada fosse e o seu sorriso não o denunciasse.

- O Bill! – levantou-se de repente. – Claro! O Bill pode ajudar-me! – pegou no casaco e dirigiu-se à porta.

- Onde é que tu vais? – Tom perguntou vendo-a mexer-se rapidamente.

- Falar com o Bill! – respondeu como se fosse óbvio.

- Ya, - Tom olhou o relógio que nem mesmo nas férias abandonava o seu pulso – às 3 e meia da manhã?
Silvie largou a maçaneta da porta. – Pois é capaz de não ser boa ideia. – despiu o casaco e sentou-se ao lado de Tom. – Mas amanhã não me escapa! – exclamou.

- Sim, sim isso se amanhã ele não andar demasiado ocupado… - suspirou.

- Han? O que é que vai acontecer amanhã? – virou-se de lado e observou Tom levar as mãos à cara.

- O amiguinho dele chega amanhã. – olhou-a. – Lembras-te?

- Pois é! – ela levou a mão à testa. – Tinha-me esquecido. Estou mesmo curiosa para o conhecer! – recostou-se no sofá com um sorriso.

- Ai sim? – perguntou com desprezo na voz.

- Vais ter que te habituar. Tenho a impressão que o Bill já fez muitas coisas na vida que tu não aprovavas e, de certeza, que não ficavas dessa maneira!

- Isto é diferente. – disse em tom de desabafo. – O Bill sempre sonhou em encontrar a alma gémea e sempre acreditou naquelas fantasias todas do amor à primeira vista e blá blá blá, - olhou Silvie - sempre foi extremamente sensível a esse assunto e sempre se recusou a andar com quem quer que fosse que não sentisse uma química ou uma ligação diferente… sempre criticou o meu estilo de vida e sempre pôs as mulheres num patamar que eu raramente me apercebia que lá estava… - levantou-se andando pela sala – É estranho vê-lo agora totalmente embeiçado por um gajo quando toda a vida teve casos com mulheres! Sim, porque lá por ele nem sempre admitir a todos nunca foi santo nenhum, antes pelo contrário! E isso é que me fazia comichão quando me criticava! – encostou a testa ao armário.

- O Bill é um homem elegante, lindíssimo por dentro e por fora e grande parte das mulheres deste mundo e do outro davam a vida pela beleza dele mas isso não o impede de ter um interior diferente daquilo que toda a gente espera! – Tom não estava a perceber o ponto dela, mas não se mexeu e deixou que ela o abraçasse pelo abdómen e pousasse o queixo sobre o seu ombro. – Acima de tudo e de todos estás tu no coração dele, vê-se à distância!, e um dos objectivos dele será agradar-te. Eu sei que parece estúpido, estranho, uma fantasia que fiz à pressão mas pensa, Tom, pensa em tudo o que ele já fez por ti e para ti. Em tudo o que já passaram juntos e em tudo aquilo que tu próprio farias por ele. Vocês davam a vida para ver o outro bem e estável. Não estragues tudo isso agora, não lhe cortes as pernas à felicidade só porque não concordas ou te mete nojo ou seja o que for. Aceita a situação como ela é. Aceita o rapaz que vier amanhã por respeito ao Bill, não ao rapaz. – deixou-lhe um beijo no pescoço.

Tom virou-se e pousou uma mão na cintura da rapariga e outra na sua face. – Tu és qualquer coisa, miúda. – beijou-a num enlace calmo, sentido e estruturado de lábios, um beijo estudado e adaptado apenas a ela.

- Vamos para a cama? – ela perguntou ao quebrar o beijo.

- Não tenho sono. – Tom respondeu pondo-lhe uma madeixa de cabelo atrás da orelha.

- Eu também não disse que íamos dormir… - sorriu-lhe matreiramente e Tom riu-se dela.

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