terça-feira, 6 de dezembro de 2011

[ 23 ]



Bill tinha-se levantado relativamente cedo para ir buscar Joe ao aeroporto. Estava em pulgas de saudades e com os nervos em franja por não saber o que esperar. Tom tinha sido claro na noite anterior, iria aceitar a escolha dele mas Bill conhecia-o demasiado bem para saber que Tom não seria assim tão fácil de convencer.

- Não vou ser apanhado de surpresa com nada, pois não? – Joe perguntou enquanto Bill lhe mostrava a pequena casa que iriam partilhar.

- Como assim?

- O teu irmão.

- O Tom está mansinho. Ou pelo menos eu assim o espero! – desabafou.

- Não era suposto ele estar aqui? – sentou-se sobre a cama olhando Bill.

- Está em casa da Silvie, tu vais adorar conhecê-la! – disse feliz esquecendo Tom e todas as preocupações. – Ela é lindíssima e de certeza que a vais reconhecer!

- Ya, alguém que já te comeu estou super interessado. – ironizou.

- Não sejas assim, Joey. – sentou-se ao lado dele – A Si já não é nada para mim, somos só grandes amigos. A Si é toda do Tom! – sorriu ao lembrar-se novamente da maneira como fugiam os dois ao assunto – Mas eu já te tinha dito isso, várias vezes até! – arregalou-lhe os olhos – Não tens que te preocupar.

- Falar é fácil.

- Meu, - levantou-se de repente – tu anima-te! Estou farto de depressões! – refilou.

- Que macho! – riu-se da atitude dele. – Meu! – imitou-o – Lindo! – riu-se novamente agarrando-se ao estômago, nunca tinha visto Bill agir assim. Bill acompanhou-o.

- ‘Bora! – puxou-o pela mão.

- E vamos…?

- A casa da Silvie!

[…]

Tom estava na varanda de casa com uma caneca de café nas mãos e um par de boxers vestidos. – Está um dia lindo… - suspirou.

- Dizes isso como se estivesses na Alemanha e haver sol fosse coisa rara. – Silvie riu-se juntando-se a ele com uma taça de cereais e a camisa de Tom, da noite passada, vestida.

- Ai a Alemanha! – suspirou novamente sentando-se ao lado de Silvie numa das cadeiras existentes.

- Tás muito suspirativo hoje! – gozou-o.

- Apetece-me, há alguma coisa errada nisso? – olhou-a bebendo um golo do café.

- Ná. – levou uma colher de cereais à boca e olhou o horizonte. Sabia-lhe bem estar ali sentada com Tom sem ter que pensar em nada naquele momento. – A que horas é que o Bill disse que o rapaz vinha?

- Não disse. – suspirou novamente.

- Oh Tom a sério, - riu-se – pareces uma mulher desesperada por sexo sempre a suspirar! – gozou-o novamente. Tom virou-se para ela.

- Primeiro: não sou mulher. Segundo: não sou desesperado por sexo. – deu-lhe um encosto na colher fazendo os cereais espalharem-se pelo seu colo. – Si, sujaste-me a camisa! – refilou tentando conter o riso.

- Desculpa?! – levantou-se pousando a taça no chão e sacudindo o leite da camisa.

- Não sei se desculpo. – sorriu-lhe angelicalmente. – E acho melhor despires isso… - levantou-se e aproximou-se dela, começando a desapertar, um a um, os botões da camisa - … ainda te constipas com o leite e eu não quero! – beijou-lhe o pescoço.

- E eu a pensar que não eras desesperado por sexo! – Silvie afastou-o.

- Si, Tom!! – ouviram Bill chamar por eles. Silvie voltou a apertar os botões e fez sinal a Bill.

- Calminha, ok? – Silvie virou-se de costas para eles e fez Tom olhá-la nos olhos. – Lembra-te do que falámos ontem! – Tom acenou afirmativamente e Silvie beijou-lhe rapidamente os lábios.

- Bom dia. – Joe sorriu meio envergonhado depois do “Bom dia!” entusiasta de Bill.

- Joe é o Tom e a Silvie. Silvie e Tom é o Joe. – Bill fez as apresentações. Tom apertou a mão de Joe meio contrariado, podia concordar perfeitamente com o que Silvie lhe tinha dito na noite passada, mas ele próprio tinha alguns limites, só não sabia era defini-los. Já Silvie deu dois felizes beijinhos ao rapaz e terminou num abraço. - Porque é que eu tenho a impressão que viemos interromper alguma coisa?

- Não vieram interromper nada, a Silvie é que se estava a armar! – Tom respondeu picando-a.

- Era isso, era. – olhou-o de lado – Entrem!

- Desculpa, mas… - Joe hesitou olhando Silvie – tu és a Silvie Ports, não és?

- Oh, eu disse-te que a ias reconhecer! – disse Bill entrando e sentando-se num dos sofás.

- Sim, sou eu. – disse meio atrapalhada – Conheces-me?

- Claro! Excelente modelo, mulher! Parabéns! – disse entusiasmado.

- Oh, obrigada. – disse envergonhada. Tinha orgulho do seu trabalho e era sempre gratificante receber elogios daqueles, mas ficava quase sempre encavacada quando não conhecia. – E tu o que é que fazes? – perguntou para meter conversa.

- Designer de interiores! – disse com um sorriso olhando a rapariga.

- E faz um excelente trabalho! – Bill disse orgulhoso.

- Acredito. – Tom balbuciou, ninguém se apercebeu. – Há quanto tempo? – perguntou olhando o irmão.

- Há uns 3 anos, quando acabei o curso. – Joe respondeu estranhando a troca de olhares entre Bill e Tom.

- Por acaso era uma coisa que eu também não me importava de fazer… - Silvie mandou p’ró ar.

- Nota-se pela tua casa. Tens bom gosto! – olhou em redor. – Também não fosses tu modelo!

Ela riu-se. – Às vezes ser-se modelo não quer dizer que se tenha bom gosto. A maior parte das vezes não somos nós que escolhemos o que vestir, mesmo no dia-a-dia há sempre alguém que te maquilha e te veste… - explicou.

- Tu eras assim? – perguntou estranhando.

- Não, sempre neguei essas coisas, aliás, eu sempre neguei tudo o que me impunham para ser sincera. – suspirou e Tom olhou-a. Havia sempre um segundo sentido em todas as frases dela.

- Eu acho que isso é bom. – Joe falou. – Revoltarmo-nos com as coisas da vida é a melhor razão de viver. Qual é que era a graça disto tudo se pelo caminho fosse tudo facilitado? – Tom olhou Joe com um novo olhar. O rapaz tinha uma visão da vida bastante semelhante à sua e à do seu irmão e naquele pequeno instante sentiu um novo apreço por ele. Se o rapaz pensava da mesma maneira que ele próprio certamente não seria assim tão má pessoa.

- Concordo contigo. – Tom acenou afirmativamente e Bill sorriu. Sabia perfeitamente que assim que a conversa fluísse e Joe começasse a falar dos seus ideais Tom amoleceria. Se Bill era apaixonado por aquele rapaz por alguma razão em especial seria.

- Ya, ya. – Silvie concordou também com a situação mas estava mais empolgada em falar com Bill sobre a noite anterior. Precisava de alguém que a ajudasse na moda. – Bill, preciso de ajuda! – Tom riu-se pela maneira como ela falou, estava em pulgas para falar com Bill sobre o seu projecto.

- Para…?

- A moda!

- Como assim?

- Eu já te tinha dito que ia tentar voltar à moda e regressar à minha vida como modelo, não já? – perguntou.

- Sim, e como estilista. – Bill acenou afirmativamente recordando a noite que tinham passado a conversar sobre esse assunto, enquanto Tom dormia e se babava no sofá. Riu-se com a recordação. – Mas já tens datas, é?

- Não. Preciso que me ajudes a voltar.

- Eu? Não valho nada no mundo da moda, miúda! – exclamou.

- Tens uma linha própria de roupa e acessórios…

- Isso não é nada, se queres que te seja sincero. Porque é que não falas com antigas marcas com quem já trabalhaste? – disse, até gostava de ajudar mas não estava a ver o que é que poderia fazer com aquilo que já tinha no mercado.

- Porque… - Silvie explicou-lhe aquilo que tinha dito a Tom na noite anterior. Bill ficou com cara de parvo a olhar para ela.

- Pode-se fazer isso? – perguntou referindo-se a Marcele.

- Claro! Desde que se tenha poder pode-se fazer de tudo em todo o lado.

- Eu acho que se fores brilhante, independentemente daquilo que circula entre os grandes da moda, chegas lá novamente. – Joe opinou. – Eu acompanhei o teu trabalho ao longo dos anos… - confessou meio envergonhado, era um prazer estar na presença dela - … a especulação do teres saído daquele mundo daquela maneira continuou e ainda continua, na maior parte das vezes em termos muito pouco ortodoxos, mas o teu trabalho… - fez uma pausa sorrindo na direcção dela - … o teu trabalho é intemporal, imortalizaste montanhas de coisas, deste vida a várias marcas que sem o teu trabalho nunca tinham vingado. Eras uma das melhores e quer queiras quer não vais continuar a ser sempre e isso ninguém te pode tirar. Já para não falar que estás melhor que nunca! – apontou o corpo dela. – Se queres voltar, vais conseguir.

Silvie tinha um sorriso orgulhoso e emocionado nos lábios. Queria falar mas era-lhe impossível.

- Eu acho que ele tem razão… - Tom virou-se na direcção dela. Ela não descolava o olhar de gratidão de Joe. – Vais acabar aquilo que tens em mente nas criações e com ou sem Bill vais tentar!

- E vais conseguir! – Joe repetiu-se sorrindo. Bill olhou o seu pseudo-namorado. A cada dia que passava ele mostrava um novo lado tão parecido consigo que até arrepiava.

- Espera… - Bill lembrou-se. - … eu posso contratar-te como modelo! Da nova linha de lingerie que vou lançar! Que estúpido como é que não me lembrei disto antes! – martirizou-se mentalmente. Lá por não ter hipóteses em ajudá-la naquilo que já tinha no mercado não queria dizer que aquilo que estava para vir levasse o mesmo caminho. – Lembras-te de te ter falado disso?

- Não… tu falaste-me nisso?

- Que parvo, caraças!! – tirou o telemóvel do bolso, levantou-se do sofá e fez uma chamada à qual ninguém percebeu o propósito. – Sim? Fala Bill Kaulitz!... Bem, obrigado e a senhora?... Muito bem eu tenho umas coisas de última hora para lhe dizer!... à modelo de lingerie, ainda dá para trocar?... Mas é mesmo essencial que me faça esta mudança!! Por favor!... Ainda bem, eu depois acerto os pormenores quando voltar das férias, marque-me uma reunião e avise-me o quanto antes!... Obrigado, bom dia! Com licença. – desligou. – Vens connosco no fim das nossas férias! Consegues ter as tuas coisas preparadas até lá?

Silvie ficou um bocado suspensa no ar sem ter pistas daquilo que estava a acontecer. Teria Bill acabado de trocar a outra modelo por… si? – Explica-me o que acabaste de fazer!

- Isso mesmo que estás a pensar! Vais ser tu a apresentar a minha colecção de roupa interior feminina!

1 comentário:

  1. Gosto. E continuo a gostar. Só custa mesmo o tempo de espera.

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